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ID
4127185
Banca
COVEST-COPSET
Órgão
UFPE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO 1


(1) Até a Independência, as referências à língua europeia no Brasil se faziam, sem titubeio, pelas expressões português ou língua portuguesa. Já no século XVI, encontramos o Padre Anchieta, em seu “Breve informação do Brasil”, mencionando os meninos índios que eram entregues aos jesuítas “para que fossem ensinados, dos quais se ajuntou muitos e os batizou, ensinando-os a falar português, ler e escrever”.

(2) No início do século XIX, frei Caneca, herói da revolução de 1817, escreveu seu “Breve compêndio de grammatica portuguesa” (publicado em 1875), entendida a gramática como “a arte que ensina a falar, ler e escrever correctamente a Língua Portugueza”.

(3) Contudo, com a Independência, passou-se a viver um longo período de incertezas, titubeios e ambiguidades, sendo a língua ora designada de língua brasileira, ora de língua nacional, ora de português e língua portuguesa.

(4) Em 1826, na Câmara dos Deputados, José Clemente Pereira apresentou um projeto propondo que os diplomas dos médicos cirurgiões fossem redigidos “em língua brasileira, que é a mais própria”. 

(5) Mas a expressão língua brasileira não fez, de fato, história no século XIX. Em 15 de outubro de 1827 foi aprovada a lei que “manda criar escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos do Império”. Nela, se introduziu a expressão que faria história no país: língua nacional, muitas vezes utilizada na legislação posterior até praticamente a Constituição de 1988.

(6) No contexto escolar, porém, língua nacional conviveu com português e língua portuguesa. A disciplina escolar era, em geral, referida por estas duas últimas expressões, e as gramáticas escolares brasileiras tinham, em geral, essa qualificação em seu título. Já nos textos analíticos, nos debates e polêmicas do século XIX, em que se procurava dar conta das especificidades da língua no Brasil, predominou uma grande oscilação terminológica, que perdurou no século XX. 

(7) No âmbito constitucional, a questão do nome da nossa língua só se pacificará com a Constituição de 1988 que, em seu art. 13, diz: “A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil”. E no seu art. 210, 2, estipula: “O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.”

(8) Apesar disso tudo, a questão da língua está de volta, pelo menos nos meios universitários de Brasil e Portugal. São outros os tempos e outros os argumentos, mas retorna à cena saber se os dois países têm ou não a mesma língua. 

FARACO, Carlos Alberto. História sociopolítica da língua portuguesa. São Paulo: Parábola, 2016, p.161-171. Adaptado.

Analise o emprego do sinal indicativo de crase nos enunciados a seguir.


1) No texto se faz clara alusão à história da língua que se fala no Brasil.

2) Parece que o Padre Anchieta era um homem à frente de seu tempo.

3) No que tange à questões linguísticas, nada se pode prever.

4) Da Independência à Constituição de 1988, muitas polêmicas sobre a língua surgiram.


Está(ão) correto(s):

Alternativas
Comentários
  • Discorrendo em linhas concisas, Celso Pedro Luft, nas primeiras páginas de Decifrando a Crase, ensina que se usa o acento grave no "a" em duas circunstâncias apenas:

    1ª) para sinalizar a crase, isto é, para indicar que o "a" vale por dois: à = a + a;

    2ª) para sinalizar preposição "a" em expressões de circunstância com substantivo feminino singular, indicando que não se deve confundir com o artigo "a" (p.ex. escrever à mão, cortar à faca, etc.)

    1) No texto se faz clara alusão à história da língua que se fala no Brasil.

    Correto. O substantivo "alusão" rege preposição "a" ou "sobre". No caso em tela, preferiu-se "a". Esta se aglutina ao artigo "a" que determina o substantivo "história": alusão a + a história = alusão à história;

    2) Parece que o Padre Anchieta era um homem à frente de seu tempo.

    Correto. A locução adverbial "à frente" tem como núcleo uma palavra feminina (frente), de modo que se marca a crase;

    3) No que tange à questões linguísticas, nada se pode prever.

    Incorreto. A locução "no que tange a" rege mesmo a preposição "a", no entanto o substantivo "questões" não está determinado por artigo "as". Sendo assim, não há possibilidade de ser marcar o fenômeno crásico. Correção: "No que tange a questões (...)";

    4) Da Independência à Constituição de 1988, muitas polêmicas sobre a língua surgiram.

    Correto. Note que o substantivo "Independência" está determinado (da Independência), bem como o que se lhe segue (a Constituição). Portanto, é legítima a marcação da crase. Se não houvesse determinação do primeiro substantivo, a crase seria impossível: "De Independência a Constituição".

    Letra A

  • 1) No texto se faz clara alusão à história da língua que se fala no Brasil.

    Alusão à história.

    Alusão ao momento.

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    2) Parece que o Padre Anchieta era um homem à frente de seu tempo.

    Locução adverbial.

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    3) No que tange à questões linguísticas, nada se pode prever.

    Quando o "a" está sozinho e o termo posterior é plural = sem crase.

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    4) Da Independência à Constituição de 1988, muitas polêmicas sobre a língua surgiram.

    Independência ao código.