Em nossos dias, o neo-indianismo dos modernos de 1922
(precedido por meio século de etnografia sistemática) iria acentuar aspectos autênticos da vida do índio, encarando-o, não
como gentil-homem embrionário, mas como primitivo, cujo interesse residia precisamente no que trouxesse de diferente, contraditório em relação à nossa cultura europeia. O indianismo dos
românticos, porém, preocupou-se sobremaneira em equipará-lo
qualitativamente ao conquistador, realçando ou inventando
aspectos do seu comportamento que pudessem fazê-lo ombrear
com este – no cavalheirismo, na generosidade, na poesia.
A altivez, o culto da vindita, a destreza bélica, a generosidade, encontravam alguma ressonância nos costumes aborígines, como os descreveram cronistas nem sempre capazes
de observar fora dos padrões europeus e, sobretudo, como os
quiseram deliberadamente ver escritores animados do desejo
patriótico de chancelar a independência política do país com
o brilho de uma grandeza heroica especificamente brasileira.
(Antonio Candido. Formação da literatura brasileira, 2000. Adaptado.)
De acordo com a argumentação de Antonio Candido e ainda
mobilizando outros conhecimentos sobre a literatura brasileira,
é correto afirmar que o indianismo romântico funcionou como
expressão