Enfocando os conflitos cognitivos e seu papel no ensino e exercitando uma análise crítica da escola, é notória a preocupação em criar, intramuros, um ambiente que impeça a proliferação da dúvida, da discussão e do debate. Isso reflete todo o autoritarismo centrado no adulto e define uma forma específica de relacionamento social que determina uma prática docente sintetizada na ação do que sabe (o professor) sobre aquele que não sabe (o aluno). Então, se o aluno não sabe, como admitir que ele questione, que duvide, sem antes receber as informações do seu professor? A defesa de métodos ativos de ensino implica no levantamento de argumentos em prol da utilização de conflitos cognitivos em sala de aula. Dentre os argumentos apresentados a seguir, identifique os que são coerentes/corretos, em relação a essa discussão, marcando a alternativa correspondente.
(I) Uma escola viva, real, dinâmica não pode dissimular a existência de conflitos sob o risco de perder sua identidade de agência social formadora. Dessa forma, a escola não apenas deve incorporar as controvérsias autênticas que surgem espontaneamente, mas também criar situações problemáticas que motivem o estudante a buscar elementos novos para readquirir o equilíbrio então perdido.
(II) Na escola ideal, eficiente e produtiva, os papeis estão muito bem definidos. Ao mestre cabe a responsabilidade de ensinar, de transmitir as verdades e, ao aluno de recebê-las de forma inativa, sem pretender colocar em dúvida a palavra do professor, porque, afinal o professor passou por um longo processo de formação e detém o saber historicamente acumulado.
(III) A necessidade de comunicação diminui à medida que aumenta a diferença de posição entre o individuo e o seu grupo, ao tempo em que o aparecimento de uma “diferença” em um grupo coeso, diminui a necessidade de discussão, quando há posições contrárias.
(IV) Técnicas como a “redescoberta!” e a “solução de problemas” têm um efeito motivador destacado, quando partem de questões provocativas, de incongruências e de pontos de vista contrastantes. Esses métodos parecem motivar os estudantes, fazendo-os submeter-se a conflitos conceituais na forma de surpresa, de dúvida, de incongruência, de perplexidade, de curiosidade.
(V) As controvérsias e os conflitos possibilitam uma compreensão maior da perspectiva cognitiva das demais pessoas. Essa capacidade é crucial na superação do egocentrismo, e, consequentemente, no desenvolvimento cognitivo e moral, na cooperação, no intercâmbio social e na solução de problemas.