Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski seja traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o tradutor procure penetrar nas peculiaridades da linguagem primeira, apliquese com afinco e faça com que sua criatividade orientada pelo original permita, paradoxalmente, afastarse do texto para ficar mais próximo deste, um passo importante será dado. Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase, tratando o original como um conjunto de blocos a serem transpostos, e transgredindo sem receio, quando necessário, as normas do “escrever bem”, o tradutor poderá trazêlo com boa margem de fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.
Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.