Canadense prodígio já ajudou a perfurar mil
poços em 16 países
Ryan Hreljac não tem mais o ar infantil que ficou conhecido mundo afora, antes mesmo do fenômeno de
viralização na internet. Em 1997, o menino canadense de
6 anos ficou incomodado ao descobrir que crianças na África
não tinham acesso à água. Decidiu que precisava agir e
juntou, durante quatro meses de serviços domésticos, os
US$ 70 (equivalente hoje a R$ 280) que um professor havia dito que eram necessários para abrir um poço. Mas o
dinheiro pagava apenas a bomba manual. Ryan não desistiu e começou, então, uma campanha emocionante que
se espalhou por vários países. De lá para cá, mil poços
abertos em 16 nações beneficiam 1 milhão de pessoas.
Além das ações práticas para resolver problemas concretos e destacar a necessidade de preservação da água,
Ryan – hoje recém-formado em Ciência Política Internacional e aos 24 anos – também se dedica a engajar pessoas.
Já esteve em dezenas de conferências internacionais e
deu palestras, pela internet, para centenas de escolas pelo
mundo. (...) A Gazeta do Povo conversou com ele, via
Skype, sobre o trabalho que vem desempenhando na Ryan’s
Well Foundation. Confira a entrevista em que ele defende
que nunca se é jovem demais para se engajar em uma
causa.
Você acredita que os jovens estão engajados nas
questões ambientais?
Na juventude, eu acho que há diversas coisas que
nos desencorajam a respeito de se envolver. Mas nessa
fase você tem habilidades de olhar para os problemas de
uma maneira mais simples. Quando eu era criança, não
entendia o tamanho e a complexidade do problema. Mas
porque eu queria fazer a diferença, eu fui lá e fiz. E eu não
acho que os adultos têm esse tipo de mentalidade, sabe?
Esse jeito de olhar razões para fazer algo, ao invés de
olhar razões para não fazer algo. Você nunca é jovem demais para se engajar.
Como foi o seu primeiro contato com a
perspectiva da falta de água?
Quando estava na primeira série, meu professor falou
que iríamos arrecadar fundos para países subdesenvolvidos. E o que o meu professor teve que explicar, porque
nós tínhamos apenas 6 anos, era que nem todas as crianças tinham acesso à água limpa. Ele disse que essas crianças tinham que andar mais de cinco quilômetros para
conseguir água limpa. Só que eu não sabia quanto era
cinco quilômetros e ele disse “são 5 mil passos”. Então eu
fiz o caminho da minha sala para o bebedouro e vi que
davam 10 passos e então fui e voltei algumas vezes para
saber o quão longe seria o percurso dessas crianças. Eu
acho que uma coisa que aprendemos especialmente quando somos crianças é sobre dividir e ter a consciência de
justiça.
Disponível em http://www.gazetadopovo.com.br/
mundo. Acesso em 22.09.2015
No texto, a palavra virilização pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido, por: