Para responder à questão, leia o trecho de uma
carta de Charles Darwin ao biólogo Joseph Hooker em
11.01.1844.
Além de um interesse geral pelas terras meridionais,
desde que retornei tenho me dedicado a um trabalho muito ambicioso que nenhum indivíduo que conheço deixaria de
considerar muito bobo. Fiquei tão impressionado com a distribuição dos organismos nas Galápagos e com a natureza dos
fósseis de mamíferos americanos, que resolvi recolher todo
tipo de coisa que pudesse ter alguma relação com alguma
espécie. Li montanhas de livros sobre agricultura e horticultura e não paro de coletar informações. Por fim surgiu uma luz,
e estou quase convencido (ao contrário do que achava inicialmente) de que as espécies (é como confessar um homicídio)
não são imutáveis. Deus me livre das bobagens de Lamarck
como “tendência ao progresso”, “adaptações a partir do esforço dos animais”, — porém minhas conclusões não diferem
muito das dele — embora a forma da mudança difira inteiramente — creio que descobri (que presunção!) a maneira simples pela qual as espécies se adaptam a várias finalidades.
(Shaun Usher (org.). Cartas extraordinárias, 2014.)
Em termos figurados, a dimensão transgressora de sua teoria
é reforçada por Darwin no seguinte trecho