SóProvas


ID
4205857
Banca
IBFC
Órgão
HMDCC
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto I

Nem anjo nem demônio

Desde que a TV surgiu, nos anos 40, fala-se do seu poder de causar dependência. Os educadores dos anos 60 bradaram palavras acusando-a de “chupeta eletrônica”. Os militantes políticos creditavam a ela a alienação dos povos. Era um demônio que precisava ser destruído. Continuou a existir, e quem cresceu vendo desenhos animados, enlatados americanos e novelas globais não foi mais imbecilizado – ao menos não por esse motivo. Ponto para a televisão, que provou também ser informativa, educativa e (por que não?) um ótimo entretenimento. Com exceção da qualidade da programação dos canais abertos, tudo melhorou. Mas começaram as preocupações em relação aos telespectadores que não conseguem dormir sem o barulho eletrônico ao fundo. Ou aos que deixam de ler, sair com amigos e até de namorar para dedicar todo o tempo livre a ela, ainda que seja pulando de um programa para o outro. “Nada nem ninguém me faz sair da frente da TV quando volto do trabalho”, afirma a administradora de empresa Vânia Sganzerla.

Muitos telespectadores assumem esse comportamento. Tanto que um grupo de estudiosos da Universidade de Rutgers, nos Estados Unidos, por meio de experimentos e pesquisas, concluiu que a velha história do vício na TV não é só uma metáfora. “Todo comportamento compulsivo ao qual a pessoa se apega para buscar alívio, se fugir do controle, pode ser caracterizado como dependência”, explica Robert Kubey, diretor do Centro de Estudos da Mídia da Universidade de Rutgers. 

Os efeitos da televisão sobre o sono variam muito. “Quando tenho um dia estressante, agitado, não durmo sem ela”, comenta Maurício Valim, diretor de programas especiais da TV Cultura e criador do site Tudo sobre TV. Outros, como Martin Jaccard, sonorizador de ambientes, reconhecem que demoram a pegar no sono após uma overdose televisiva. “Sinto uma certa irritação, até raiva, por não ter lido um bom livro, namorado ou ouvido uma música, mas ainda assim não me arrependo de ver tanta TV, não. Gosto demais.” É uma das mais prosaicas facetas desse tipo de dependência, segundo a pesquisa do Centro de estudos da Mídia. As pessoas admitem que deveriam maneirar, mas não se incomodam a ponto de querer mudar o hábito. Sinal de que tanto mal assim também não faz.

(SCAVONE, Míriam. Revista Claudia. São Paulo: Abril,

abr. 2002. P.16-7) 

No trecho “Continuou a existir, e quem cresceu vendo desenhos animados, enlatados americanos e novelas globais não foi mais imbecilizado – ao menos não por esse motivo.” (1º§), percebe-se que a autora assume uma postura que pode ser MELHOR entendida como:

Alternativas
Comentários
  • Gab: Letra B

    De forma predominante o texto se posiciona de forma irônica. IRÔNICA=Que mostra ironia e sarcasmo: 1 sarcástica, debochada, zombeteira, zombadora, gozadora, cáustica,

  • Quem cresceu vendo desenhos animados, enlatados americanos e novelas globais continuou a existir e não foi mais imbecilizado ao menos não por esse motivo.

    Ironia= consiste em dizer o contrário ("não foi mais imbecilizado") daquilo que se quer expressar ("ao menos não por esse motivo" ; ou seja, foi imbecilizado. Porém por outra coisa)