Um dia, ao começar a escrever um livro didático sobre literatura, tive que dar
uma definição da poesia e embatuquei. Eu, que desde os dez anos de idade faço versos;
eu, que tantas vezes sentira a poesia passar em mim como uma corrente elétrica e afluir
aos meus olhos sob a forma de misteriosas lágrimas de alegria; não soube no momento
forjar já não digo uma definição racional, dessas que, segundo a regra da lógica devem
convir a todo o definido e só ao definido, mas uma definição puramente empírica, artística,
literária. No aperto me socorri de Schiller, em quem o crítico era tão grande quanto o poeta,
e disse com ele: “Poesia é a força que atua de maneira diversa e inapreendida, além e acima
da consciência.”
(Manuel Bandeira. Poesia e prosa. p. 1271).
A falta de uma definição de poesia fez com que Bandeira, um poeta, recorresse à definição
expressa por um outro poeta, Schiller. A definição de Schiller