SóProvas


ID
4837594
Banca
MS CONCURSOS
Órgão
Prefeitura de Juti - MS
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Livro sobre nada (Manoel de Barros)


É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.

Tudo que não invento é falso.

Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.

Tem mais presença em mim o que me falta.

Melhor jeito que achei para me conhecer foi fazendo o contrário.

Sou muito preparado de conflitos.

Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.

O meu amanhecer vai ser de noite.

Melhor que nomear é aludir.

Verso não precisa dar noção.

O que sustenta a encantação de um verso (além do ritmo) é o ilogismo.

Meu avesso é mais visível do que um poste.

Sábio é o que adivinha.

Para ter mais certezas tenho que me saber de imperfeições.

A inércia é meu ato principal.

Não saio de dentro de mim nem para pescar.

Sabedoria pode ser que seja estar uma árvore.

Estilo é um modelo anormal de expressão: é estigma.

Peixe não tem honras nem horizontes.

Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas quando não desejo contar nada, faço poesia.

Eu queria ser lido pelas pedras.

As palavras me escondem sem cuidado.

Aonde eu não estou as palavras me acham.

Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.

Uma palavra abriu o roupão para mim.

Ela deseja que eu a seja.

A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos.

Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.

Esta tarefa de cessar é que puxa minhas frases para antes de mim.

Ateu é uma pessoa capaz de provar cientificamente que não é nada.

Só se compara aos santos.

Os santos querem ser os vermes de Deus.

Melhor para chegar a nada é descobrir a verdade.

O artista é erro da natureza. Beethoven foi um erro perfeito.

Por pudor sou impuro.

O branco me corrompe.

Não gosto de palavra acostumada.

A minha diferença é sempre menos.

Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria.

Não preciso do fim para chegar.

Do lugar onde estou já fui embora.

Relacione as duas colunas sobre figuras de linguagem e assinale a alternativa correta:


COLUNA I

A) Metáfora

B) Metonímia

C) Catacrese

D) Anáfora

E) Silepse

F) Paradoxo


COLUNA II

1 - “Como caíram tantas águas, nublou-se o horizonte, nublou-se a floresta, nublou-se o vale.” (Cecília Meireles).

2 - Estou com a barriga da perna doendo.

3 - “Quem acha vive se perdendo.” (Noel Rosa).

4 - “De repente do riso fez-se o pranto.” (Vinícius de Moraes).

5 - “E pela minha lei / A gente era obrigado a ser feliz.” (Chico Buarque).

6 - “Lua de São Jorge / lua soberana / nobre porcelana / sobre a seda azul.” (Caetano Veloso).

Alternativas
Comentários
  • Em palavras breves, as figuras de linguagem são recursos expressivos utilizados com objetivo de gerar efeitos no discurso. Dentro do extenso grupo em que se arrolam esses recursos, existem quatro subdivisões: figura de palavra, figura de construção, figura de sintaxe e figura de som.

    COLUNA I

    A) Metáfora

    B) Metonímia

    C) Catacrese

    D) Anáfora

    E) Silepse

    F) Paradoxo

    COLUNA II

    1 - “Como caíram tantas águas, nublou-se o horizonte, nublou-se a floresta, nublou-se o vale.” (Cecília Meireles).

    D. Consta anáfora, repetição de uma palavra ou grupo de palavras no início de duas ou mais frases sucessivas, para enfatizar o termo repetido. 

    2 - Estou com a barriga da perna doendo.

    C. Consta catacrese, espécie de metáfora desgastada pelo uso à qual se recorre na falta de um termo específico ou em virtude do esquecimento deste.

    3 - “Quem acha vive se perdendo.” (Noel Rosa).

    F. Consta paradoxo ou oximoro, contradição entre ideias de tão modo acentuada que margeia o absurdo, o ilogismo. 

    4 - “De repente do riso fez-se o pranto.” (Vinícius de Moraes).

    B. Consta a metonímia, que pode como definida por relações reais de ordem qualitativa que levam a empregar metonimicamente uma palavra por outra, a designar uma coisa com o nome de outra. O riso refere-se à felicidade; o pranto, à tristeza;

    5 - “E pela minha lei / A gente era obrigado a ser feliz.” (Chico Buarque).

    E. Consta silepse, especialmente a de gênero. Em linhas gerais, trata-se da concordância feita ideologicamente, ou seja, com termos não explícitos na estrutura. Observe que o adjetivo "obrigado" não concorda com "a gente", mas sim com termo extrínseco ao contexto;

    6 - “Lua de São Jorge / lua soberana / nobre porcelana / sobre a seda azul.” (Caetano Veloso).

    A. Consta metáfora, recurso expressivo demasiadamente portentoso que, do ponto de vista puramente formal, consiste na transferência de um termo para uma esfera de significação que não é sua, normalmente em virtude de uma comparação implícita, ou seja, que não apresenta elementos comparativos do tipo "como", "qual", "tal como", "tal qual". Todavia, nem sempre está implícita essa comparação, como é visto nos exemplos a seguir extraídos de Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara: “sol da liberdade”, “vale de lágrimas”, “negros pressentimentos”, “não ponha a carroça diante dos bois”.

    Letra C

  • 1 - “Como caíram tantas águas, nublou-se o horizonte, nublou-se a floresta, nublou-se o vale.” (Cecília Meireles).

    D. Anáfora : Repetição regular de um Palavra

    2 - Estou com a barriga da perna doendo.

    C. Catacrese: É um termo que existe devido à falta de uma palavra específica para nomear algo.

    3 - “Quem acha vive se perdendo.” (Noel Rosa).

    F.  Paradoxo ou ainda Oximoro: O Paradoxo cria uma mensagem que parece absurda.  

    4 - “De repente do riso fez-se o pranto.” (Vinícius de Moraes).

    B. Metonímia: É o uso de uma palavra para representar algo muito próximo a ela.

    5 - “E pela minha lei / A gente era obrigado a ser feliz.” (Chico Buarque).

    E. Silepse: É quando há concordância verbal ou nominal com a ideia, mas não com a palavra.

    6 - “Lua de São Jorge / lua soberana / nobre porcelana / sobre a seda azul.” (Caetano Veloso).

    A. Metáfora: É uma relação de semelhança entre a palavra e o que ela representa.

    GaB: C