Em palavras breves, as figuras de linguagem são recursos expressivos utilizados com objetivo de gerar efeitos no discurso. Dentro do extenso grupo em que se arrolam esses recursos, existem quatro subdivisões: figura de palavra, figura de construção, figura de sintaxe e figura de som.
"Esta cidade sem poeira de vida se fecha.
Se prende, se tranca em mil unidades de desespero."
Note que acima o sujeito dos verbos "prender" e "trancar" foram ocultados, embora mencionados na estrutura anterior (esta cidade). Essa característica corresponde ao zeugma, figura de linguagem que consiste na ocultação de termo já expresso. Trata-se de uma espécie de elipse.
a) zeugma
Correto. Vide acima;
b) aliteração
Incorreto. Trata-se da repetição de fonema vocálico (em relação a vogais) ou consonântico (em relação a consoantes) igual ou parecido, para descrever ou sugerir acusticamente o que temos em mente, quer por meio de uma só palavra, quer por unidades mais extensas.
“Bramindo o negro mar, de longe brada.” (Luís de Camões)
“Vozes veladas, veludosas vozes [...].” (Cruz e Sousa)
“Boi bem bravo. Bate baixo, bota baba, boi berrando.” (Guimarães Rosa)
c) silepse
Incorreto. Define-se como a concordância feita ideologicamente, ou seja, com termos não explícitos na estrutura. Há três tipos: de número, gênero e pessoa. Ei-los:
I - Número (normalmente o sujeito será termo no singular, mas o verbo se flexionará no plural)
Ex.: “Povoaram os degraus muita gente de sorte." (Camilo Castelo Branco)
II - Gênero (há discordância de gênero entre artigos, pronomes, adjetivos, substantivos)
Ex.: “Conheci uma criança... mimos e castigos pouco podiam com ele.” (Almeida Garret)
III - Pessoa (há discordância entre sujeito e verbo)
Ex.: “Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins públicos.” (Machado de Assis)
d) anacoluto
Incorreto. É o rompimento da estruturação lógica da oração. Exs.:
“O relógio da parede, eu estou acostumado com ele.” (Rubem Braga)
“Essas criadas de hoje, não se pode confiar nelas.” (Aníbal Machado)
“Eu, não me importa a desonra do mundo.” (Camilo Castelo Branco)
e) pleonamos
Incorreto. É o emprego de palavras desnecessárias ao sentido. Há dois tipos: um a que se chama de vicioso, decorrente da ignorância da significação das palavras (p.ex. decapitar a cabeça, tornar a repetir, encarar de frente), e o literário, que é intencional e serve à ênfase, ao vigor da expressão. Exs.:
“Era como se todo o mundo que ele pisara com os pés, que vira com os seus olhos, que pegara com as suas mãos, se perdesse num instante.” (José Lins do Rego)
“Meteram-me a mim e a mais trezentos companheiros (...) no estreito e infecto porão de um navio.” (Maria Firmina dos Reis)
“Contra o parecer do médico assistente deu-se alta a si próprio.” (Monteiro Lobato)
“Talvez ainda um dia me será grata por ter-te impedido de matar-te a ti mesma.” (Bernardo Guimarães)
Letra A