Em palavras breves, as figuras de linguagem são recursos expressivos utilizados com objetivo de gerar efeitos no discurso. Dentro do extenso grupo em que se arrolam esses recursos, existem quatro subdivisões: figura de palavra, figura de construção, figura de sintaxe e figura de som.
Inspecionemos o primeiro verso:
"A chuva cata segredos (...)"
Há conferência de ações, qualidades ou sentimentos humanos a seres inanimados. Também é utilizada para emprestar vida e ação, não necessariamente humanas, a seres inanimados, a coisas. No caso em tela, o sujeito "chuva" está personificado, praticando uma ação que não lhe é competente. Essa característica refere-se à personificação, prosopopeia ou animismo. Outros exemplos:
“O carrinho tem pouco serviço e passa mor parte do tempo no depósito.” (Monteiro Lobato)
“Os sinos chamam para o amor.” (Mario Quintana)
“(...) o sol, no poente, abre tapeçarias...” (Cruz e Sousa)
“Um frio inteligente (...) percorria o jardim...” (Clarice Lispector)
“A noite surpreendeu-os sorrindo.” (Murilo Rubião)
a) metonímia
Incorreto. Pode como definida por relações reais de ordem qualitativa que levam a empregar metonimicamente uma palavra por outra, a designar uma coisa com o nome de outra. Exs.: ler José de Alencar (o livro de José de Alencar), beber o copo de cachaça (beber a cachaça).
b) prosopopeia
Correto. Vide acima;
c) ironia
Incorreto. É a figura pela qual se diz o contrário do que se intenciona. Exs.:
“Nunca se afizera ao regime novo — essa indecência de negro igual a branco.” (Monteiro Lobato)
“E a cidade sabe bastante, ao passo que livros mentem.” (Carlos Drummond de Andrade)
“A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar crianças.” (Monteiro Lobato)
d) aliteração
Incorreto. Trata-se d repetição de fonema vocálico (em relação a vogais) ou consonântico (em relação a consoantes) igual ou parecido, para descrever ou sugerir acusticamente o que temos em mente, quer por meio de uma só palavra, quer por unidades mais extensas.
“Bramindo o negro mar, de longe brada.” (Luís de Camões)
“Vozes veladas, veludosas vozes [...].” (Cruz e Sousa)
“Boi bem bravo. Bate baixo, bota baba, boi berrando.” (Guimarães Rosa)
e) eufemismo
Incorreto. É o emprego de uma palavra ou expressão branda para se evitar o teor desagradável da mensagem. Exs.:
“Agora que o meu pobre amigo jaz a dormir o derradeiro sono.” (Monteiro Lobato)
“E lá apanhei a doença que me pôs a noite nos olhos.” (Monteiro Lobato)
Respectivamente, há eufemismo para a morte e para a cegueira.
Letra B