SóProvas


ID
4872955
Banca
FAUEL
Órgão
Prefeitura de Jaguapitã - PR
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O texto a seguir foi extraído de uma crônica do escritor brasileiro Nelson Rodrigues. Examine-o para responder à próxima questão. 


“Hoje é muito difícil não ser canalha. Por toda a parte, só vemos pulhas. E nem se diga que são pobres seres anônimos, obscuros, perdidos na massa. Não. Reitores, professores, sociólogos, intelectuais de todos os tipos, jovens e velhos, mocinhas e senhoras. E também os jornais e as revistas, o rádio e a TV. Quase tudo e quase todos exalam abjeção. E por que essa massa de pulhas invade a vida brasileira? Claro que não é de graça nem por acaso. O que existe, por trás de tamanha degradação, é o medo. Por medo, os reitores, os professores, os intelectuais são montados, fisicamente montados, pelos jovens. O medo começa nos lares, e dos lares passa para a igreja, e da igreja passa para as universidades, e destas para as redações, e daí para o romance, para o teatro, para o cinema. Somos autores da impostura e, por medo adquirido, aceitamos a impostura como a verdade total. Eu fui, por muito tempo, um pusilânime como os reitores, os professores, os intelectuais, os grã-finos etc., etc. Tive medo, ou vários medos, e já não os tenho. Sofri muito na carne e na alma. Depois de tudo o que passei, o meu medo deixou de ter sentido. Posso subir numa mesa e anunciar de fronte alta: sou um ex-covarde”.

(Texto com adaptações).

Em relação à interpretação do texto, pode-se afirmar que o seu autor:

Alternativas
Comentários
  • A questão é de interpretação de texto e quer marquemos a alternativa que apresenta uma ideia do autor. Vejamos:

     

    A) aproveita o texto para confessar a sua própria canalhice e covardia, ainda presentes em sua personalidade, como ele mesmo enfatiza: “sou um ex-covarde”.

    Errado. O autor confessa, sim, sua canalhice e covardia quando afirma que foi, por muito tempo, um pusilânime (covarde, medroso, fraco). No entanto, de acordo com o texto, essas não são características que ainda estão presentes em sua personalidade.

    Texto: "Eu fui, por muito tempo, um pusilânime como os reitores, os professores, os intelectuais, os grã-finos etc., etc. Tive medo, ou vários medos, e já não os tenho."

     

    B) estabelece uma relação entre falta de caráter e excesso de medo na sociedade brasileira.

    Certo. O autor inicia o texto falando sobre a falta de caráter ("Hoje é muito difícil não ser canalha.") e ao desenvolver o texto mostra que há um excesso de medo na sociedade brasileira ("O medo começa nos lares, e dos lares passa para a igreja, e da igreja passa para as universidades, e destas para as redações, e daí para o romance, para o teatro, para o cinema.").

     

    C) generaliza um problema social, mas exclui dele alguns setores, como o dos reitores, professores, intelectuais, etc.

    Errado. O autor não exclui os reitores, professores e intelectuais.

    Texto: "Por medo, os reitores, os professores, os intelectuais são montados, fisicamente montados, pelos jovens."

     

    D) inicia o texto com uma confissão muito pessoal, e o conclui com uma crítica a toda a sociedade.

    Errado. Pelo contrário. O texto começa com uma crítica a toda a sociedade e termina com uma confissão muito pessoal.

    Início do texto: "...E nem se diga que são pobres seres anônimos, obscuros, perdidos na massa. Não. Reitores, professores, sociólogos, intelectuais de todos os tipos, jovens e velhos, mocinhas e senhoras. E também os jornais e as revistas, o rádio e a TV. Quase tudo e quase todos exalam abjeção. "

    Final do texto: "Posso subir numa mesa e anunciar de fronte alta: sou um ex-covarde”."

     

    Gabarito: Letra B

  • GAB. B

    estabelece uma relação entre falta de caráter e excesso de medo na sociedade brasileira.

    Trecho do texto:

    "E por que essa massa de pulhas invade a vida brasileira? Claro que não é de graça nem por acaso. O que existe, por trás de tamanha degradação, é o medo."

    A cada dia produtivo, um degrau subido. HCCB