SóProvas


ID
4901242
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Igarapé - MG
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

PAIS, FILHOS E BOAS MANEIRAS
Luiz Caversan

     Dia desses enfrentei um estresse típico de grande cidade, mas que acabou por oferecer bons momentos de reflexão.
    Tarde da noite, estava ao volante subindo uma alça de um dos muitos viadutos de São Paulo, quando, no final da curva, vejo um veículo que, ao tentar desviar de outro, quebrado, empreendia uma manobra arriscada na pista.
    Não deu outra: os freios e a mudança brusca de direção foram insuficientes para evitar o impacto.
    Felizmente, apenas danos materiais, tanto no meu veículo quanto no outro, de onde logo saíram dois jovens na casa dos vinte e tantos anos, um deles, o motorista, bem nervosinho.
    "Está tudo bem aí?", perguntei.
    "Claro que não, seu barbeiro, olha o que você fez no meu carro."
    Ainda bem que, em sua grosseria, o rapaz não me chamou de tio, porque aí soaria mais ofensivo...De qualquer maneira, tentei acalmá-lo, dizendo que ele estava numa manobra arriscada e que eu de fato não consegui parar.
    Foi a conta para que ele quisesse partir pra ignorância. Mas outros carros e motoristas já estavam atulhados na pista, e pessoas mais equilibradas impediram que o rapaz cometesse alguma impropriedade.
    "Ok, vamos chamar a polícia", disse eu, já que o caminho da conversa civilizada estava fatalmente obstruído.
    "Isso mesmo!", gritou o rapaz. "Vamos chamar a polícia, porque você não sabe com quem está falando!"
    Pronto, estava armado o circo.
    O menino tinha as "costas quentes" e estava ali louco para exercer o seu poder.    
    "E porventura com quem eu estou falando?" "Meu pai é coronel da PM e vai resolver rapidinho isso aqui. Você vai se dar mal..."
    Bem, para encurtar a história, logo chegou uma viatura com dois policiais, que educadamente vieram ouvir minha versão e, em seguida, foram conversar com o rapaz, que não titubeou em dar ordens, exigindo que eles me inculpassem e, pelo rádio, localizassem o tal coronel.
    Ficamos nessa lengalenga durante uns 40 minutos, os PMs já pelas tampas com o garoto, até que desce de um automóvel um senhor grisalho, magro e que calmamente olhou os dois carros batidos. Foi logo assediado pelo nervosinho que, gesticulando muito, começou a esbravejar. Mas logo se viu contido por um indiscutível "cala boca" do pai-coronel.
    Em seguida, o senhor sacou sua identificação funcional e foi conversar com os policiais, que bateram continência e relataram a situação e as atitudes do filho. Menos de cinco minutos depois, ele dirigiu-se a mim educadamente e com ar grave e ligeiramente envergonhado, disse: "Eu peço sinceramente que o senhor desculpe as atitudes do meu filho. Em nossa família, não toleramos esse tipo de comportamento e ele vai se haver comigo. Eis meu cartão, o sr. providencie o conserto do seu carro e me mande a conta, por gentileza."
    Imediatamente ele chamou o filho num canto e passou uma descompostura tão grande, mas tão grande no rapaz que deu até pena. Não alterou a voz, não fez gestos bruscos, apenas exerceu, como se deve, o papel, o direito e o dever de pai de um jovem abusado, colocando-o em seu devido lugar.
    Ainda bem que ainda há cidadãos como o coronel da outra noite.

Disponível em: www1.folha.uol.com.br/colunas/luizcaversan/310088-pais-filhos-e-boasmaneiras.shtml (Adaptado) Acesso em: 27 ago. 2016.
    

O propósito do texto é

Alternativas
Comentários
  • O episódio do acidente foi usado apenas como relato do narrador para demonstrar ao leitor que existe famílias que ainda educam seus filhos corretamente.

  • Por ser uma crônica, a função principal do texto seria contar fatos do cotidiano, no caso em tela "contar o acidente ocorrido com o narrador". Não entendi o porquê do gabarito da questão.

  • Entendi que o texto não tinha como propósito principal Contar o acidente, ou dar maior ênfase a postura do rapaz ou mostrar como agem filhos de pais influentes e sim dar ênfase na atitude do pai e destacar que há famílias que educam e corrigem seus filhos..

  • Foco na conclusão da crônica : "Ainda bem que ainda há cidadãos como o coronel da outra noite"

  • Logo após contar o episódio que ocorreu com ele, o narrador conclui:

    "Ainda bem que ainda há cidadãos como o coronel da outra noite."

    Portanto, o propósito do texto é a letra C.

    "demonstrar que há famílias que educam e corrigem seus filhos."

  • Logo após contar o episódio que ocorreu com ele, o narrador conclui:

    "Ainda bem que ainda há cidadãos como o coronel da outra noite."

    Portanto, o propósito do texto é a letra C.

    "demonstrar que há famílias que educam e corrigem seus filhos."

  • Li o texto, fiquei com um pouco de dúvida, reli o titulo do texto e acertei.