SóProvas


ID
4901248
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Igarapé - MG
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

PAIS, FILHOS E BOAS MANEIRAS
Luiz Caversan

     Dia desses enfrentei um estresse típico de grande cidade, mas que acabou por oferecer bons momentos de reflexão.
    Tarde da noite, estava ao volante subindo uma alça de um dos muitos viadutos de São Paulo, quando, no final da curva, vejo um veículo que, ao tentar desviar de outro, quebrado, empreendia uma manobra arriscada na pista.
    Não deu outra: os freios e a mudança brusca de direção foram insuficientes para evitar o impacto.
    Felizmente, apenas danos materiais, tanto no meu veículo quanto no outro, de onde logo saíram dois jovens na casa dos vinte e tantos anos, um deles, o motorista, bem nervosinho.
    "Está tudo bem aí?", perguntei.
    "Claro que não, seu barbeiro, olha o que você fez no meu carro."
    Ainda bem que, em sua grosseria, o rapaz não me chamou de tio, porque aí soaria mais ofensivo...De qualquer maneira, tentei acalmá-lo, dizendo que ele estava numa manobra arriscada e que eu de fato não consegui parar.
    Foi a conta para que ele quisesse partir pra ignorância. Mas outros carros e motoristas já estavam atulhados na pista, e pessoas mais equilibradas impediram que o rapaz cometesse alguma impropriedade.
    "Ok, vamos chamar a polícia", disse eu, já que o caminho da conversa civilizada estava fatalmente obstruído.
    "Isso mesmo!", gritou o rapaz. "Vamos chamar a polícia, porque você não sabe com quem está falando!"
    Pronto, estava armado o circo.
    O menino tinha as "costas quentes" e estava ali louco para exercer o seu poder.    
    "E porventura com quem eu estou falando?" "Meu pai é coronel da PM e vai resolver rapidinho isso aqui. Você vai se dar mal..."
    Bem, para encurtar a história, logo chegou uma viatura com dois policiais, que educadamente vieram ouvir minha versão e, em seguida, foram conversar com o rapaz, que não titubeou em dar ordens, exigindo que eles me inculpassem e, pelo rádio, localizassem o tal coronel.
    Ficamos nessa lengalenga durante uns 40 minutos, os PMs já pelas tampas com o garoto, até que desce de um automóvel um senhor grisalho, magro e que calmamente olhou os dois carros batidos. Foi logo assediado pelo nervosinho que, gesticulando muito, começou a esbravejar. Mas logo se viu contido por um indiscutível "cala boca" do pai-coronel.
    Em seguida, o senhor sacou sua identificação funcional e foi conversar com os policiais, que bateram continência e relataram a situação e as atitudes do filho. Menos de cinco minutos depois, ele dirigiu-se a mim educadamente e com ar grave e ligeiramente envergonhado, disse: "Eu peço sinceramente que o senhor desculpe as atitudes do meu filho. Em nossa família, não toleramos esse tipo de comportamento e ele vai se haver comigo. Eis meu cartão, o sr. providencie o conserto do seu carro e me mande a conta, por gentileza."
    Imediatamente ele chamou o filho num canto e passou uma descompostura tão grande, mas tão grande no rapaz que deu até pena. Não alterou a voz, não fez gestos bruscos, apenas exerceu, como se deve, o papel, o direito e o dever de pai de um jovem abusado, colocando-o em seu devido lugar.
    Ainda bem que ainda há cidadãos como o coronel da outra noite.

Disponível em: www1.folha.uol.com.br/colunas/luizcaversan/310088-pais-filhos-e-boasmaneiras.shtml (Adaptado) Acesso em: 27 ago. 2016.
    

Ao chegar ao local do acidente, a atitude do coronel foi de

Alternativas
Comentários
  • Eu discordo que o gabarito seja a letra B. Este "em seguida" (Em seguida, o senhor sacou sua identificação funcional e foi conversar com os policiais) me diz que esta foi a segunda coisa que o coronel fez. A primeira foi "acalmar" o filho, mas cabe margem interpretativa também, faz parte.

  • ué, discordo do gabarito, seguindo a ordem cronológica primeiro o coronel mandou o filho calar a boca, ("acalmando-o") depois ele foi cv com os policiais

    Foi logo assediado pelo nervosinho que, gesticulando muito, começou a esbravejar. Mas logo se viu contido por um indiscutível "cala boca" do pai-coronel.

  • Também achei errado, no texto está escrito que primeiro ele foi conversar com o filho.

  • pela leitura do texto a primeira coisa que o coronel fez foi mandar o filho calar a boca (mas em nenhum momento ouve a intenção de acalmar o garoto, inclusive fala que o filho foi contido), em seguida o coronel foi falar com os policiais. Esse foi meu entendimento.

  • Conversar com os policiais para saber o que havia ocorrido.Alternativa B.

    NÃO TIVE DÚVIDA QTO A ESTA. FILHO DIRIGIU -SE AO PAI MAS A PRIMEIRA ATITUDE DO PAI FOI IDENTIFICAR-SE E DIRIGIR-SE AO POLICIAL.

  • Gente, mandar o filho calar a boca n é conversar....

  • Mandar o filho calar a boca não é acalmar.

    "Foi logo assediado pelo nervosinho " o filho foi falar com ele, ou seja, a primeira atitude do pai foi cv com os policiais

  • Discordo do gabarito. A primeira coisa que ele fez foi conversar com o filho.

  • O pai não foi em primeira mão acalmar o filho.

    Gabarito: Letra B - Conversar com os policiais apara saber o que havia acontecido.

  • GAB. B

    TEXTO =  Em seguida, o senhor sacou sua identificação funcional e foi conversar com os policiais, que bateram continência e relataram a situação e as atitudes do filho.

    A alternativa (A) não pode ser, pois mandar calar a boca não é acalmar o seu filho, em primeiro lugar.

  • Não sabia que mandar alguém "calar a boca" é conversar para acalmar...

    O pai não queria saber o que o filho nervosinho tinha a dizer, queria saber o que estava acontecendo; por isso, dirigiu-se aos policiais.

  • "até que desce de um automóvel um senhor grisalho, magro e que calmamente olhou os dois carros batidos. Foi logo assediado pelo nervosinho que, gesticulando muito, começou a esbravejar. Mas logo se viu contido por um indiscutível "cala boca" do pai-coronel.

        Em seguida, o senhor sacou sua identificação funcional e foi conversar com os policiais,"

    letra: B conversar com os policiais para saber o que havia ocorrido.

  • Seguindo a cronologia da narrativa, ao chegar ao local do acidente, a atitude do coronel foi de verificar/constatar a colisão que ocorrera entre os dois veículos.

    NOTEM: "(...) até que desce de um automóvel um senhor grisalho, magro e que calmamente olhou os dois carros batidos." [linhas 20-21]

    Na sequência do relato, ainda na linha 21, o narrador conta que o filho começa a esbravejar e - de forma abrupta - é silenciado pelo pai, que não o ouviu [letra d], tampouco o acalmou [letra a].

    Em seguida, houve - de fato - a conversa com os policiais [letra b, nosso gabarito] e, por último, um pedido muito bem elaborado de desculpas, com o compromisso de reparo do dano [o que não configura a letra c, já que não houve oitiva do narrador].

    Entendo eu que, respeitada a literalidade textual, o primeiro evento seria o que destaquei em azul. Contudo, na falta de uma sentença similar, e verificada a eliminação das demais alternativas, resta como correto o gabarito informado.