- ID
- 4912240
- Banca
- ADM&TEC
- Órgão
- Prefeitura de Mata Grande - AL
- Ano
- 2020
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Pragmático ou idealista ao investir?
Por Sérgio Teixeira Jr.
Publicado em 15 de dezembro de 2019
Gestores de fundos de investimentos e investidores estão
acostumados a analisar os números da bolsa de valores, da
economia e das empresas antes de decidir onde aplicar dinheiro, mas eles também prestam cada vez mais atenção a
outros tipos de dados.
A temperatura do planeta é um deles. Os índices de pobreza em
países em desenvolvimento é outro, junto com acesso à água,
qualidade do ensino, consumo responsável, igualdade de
gênero… a lista é longa, e ela representa um dos segmentos que
mais crescem no mundo dos investimentos hoje em dia.
Essa nova categoria é conhecida como investimento de impacto,
e também pelas siglas em inglês ESG (ambiente, social e
governança) ou SRI (investimento socialmente responsável).
Essencialmente, trata-se de investimentos – diretamente ou por
meio de fundos de investimentos – em empresas e instituições
que medem seu sucesso não só no balanço, mas também no
impacto social de suas atividades-fim.
Os investimentos em ESG representam 26% dos recursos sob
gestão nos Estados Unidos, um aumento de 8 pontos
percentuais em relação a 2016, de acordo com a organização
Forum for Sustainable and Responsible Investment.
Globalmente, estima-se que o mercado seja de US$ 500 bilhões,
um número que decuplicou nos últimos cinco anos, de acordo
com a Global Impact Investing Network (Giin), rede que reúne
gestores desse tipo de fundos de investimentos do mundo todo.
Num relatório recente, o Bank of America incluiu o “capitalismo
moral” como um dos dez principais temas do mundo dos
investimentos na próxima década. E uma pesquisa recente do
Morgan Stanley Institute for Sustainable Investing indicou que
85% dos investidores individuais americanos estão de olho na
tendência.
“Os esforços para coibir o aquecimento global exigirão
mudanças comportamentais e sistêmicas, que oferecerão
oportunidades substanciais para os investidores”, escreveu o
autor principal do relatório do Bank of America, Haim Israel.
O Bank of America estima que US$ 20 trilhões serão destinados
a estratégias que lidem com desafios ambientais, sociais e de
governança nas duas próximas décadas – especialmente
quando se leva em conta a ascensão dos millennials e da
geração Z como investidores.
“Investimento de impacto não é algo necessariamente novo, mas
é um estilo que vem crescendo tanto em tamanho quanto em
evidência”, diz Patrick Scheurle, em entrevista ao InfoMoney.
De fato, tentar aliar responsabilidade social e retorno financeiro é
algo que se faz há muito tempo, como os fundos de
investimentos que evitam ações de empresas de bebidas
alcoólicas e de cigarros, por exemplo. Mas, hoje, a ideia é ir além
desse tipo de triagem passiva, buscando ativamente
companhias que tenham uma missão transformadora.
A Royal Exchange, seguradora mais antiga da Nigéria, foi uma
das companhias que receberam investimento do braço de
private equity do BlueOrchard, que tem 3,5 bilhões de dólares em
ativos e foi recentemente adquirido pela britânica Schroders.
“Existe um mercado enorme no país para seguros relacionados
ao clima. Mais de 40 milhões de nigerianos dependem da
agricultura. Nosso investimento ajuda a Royal Exchange a
aumentar seu portfólio de seguros relacionados ao clima e
também aumentar a proteção contra eventos da mudança
climática na Nigéria”, afirma Scheurle, representante do braço de
private equity do BlueOrchard.
Outro exemplo típico de um investimento de impacto é o aporte
de US$ 1 milhão da The David and Lucile Packard Foundation na
Ecotrust Forests, um fundo de equity que já investiu mais de US$
30 milhões na exploração sustentável de áreas florestais
privadas do noroeste dos Estados Unidos.
A Ecotrusts Forest gera retornos com a venda de madeira e de créditos de carbono, sempre levando em conta a
sustentabilidade do ecossistema local.
A ONG americana As You Sow, que tem como missão defender
os direitos de acionistas, avalia papéis e fundos de investimentos
do ângulo do impacto social e ambiental. Um dos recortes
oferecidos pela As You Sow é a igualdade de gênero.
A ferramenta da As You Sow, desenvolvida em parceria com a
holandesa Equileap, analisa 19 critérios para identificar as
companhias que estejam “ajudando a construir um mundo mais
igualitário e que ofereçam às mulheres as chances de obter
sucesso profissional, sem sacrificar os retornos [financeiros].”
MAS DÁ DINHEIRO?
Por melhores que sejam as intenções, entretanto, obter medidas
exatas do impacto real desses investimentos é uma tarefa muito
complicada.
O impacto de um sistema de microfinanciamento é muito
diferente em Bangladesh e no Brasil. Como comparar o real
efeito de uma startup que quer reduzir o uso de plásticos com
medidas sustentáveis tomadas por uma companhia do tamanho
de uma Unilever?
Igualmente, do ponto de vista do retorno financeiro, é difícil
afirmar categoricamente se o investimento de impacto é um
bom negócio. Essa modalidade pode tomar várias formas (dos
fundos de venture capital e private equity a ações individuais ou
fundos mútuos), e as companhias têm os mais variados
tamanhos e estágios de maturação.
Tampouco existem definições precisas do que seja um
investimento de impacto. Segundo uma reportagem recente do
The Wall Street Journal, oito dos dez maiores fundos de
investimentos sustentáveis dos Estados Unidos incluíam pelo
menos uma ação de empresas do setor de petróleo ou gás
natural.
Existem alguns resultados positivos. O fundo Vanguard ETF ESG
registrava alta de 27% no ano até meados de novembro de 2019,
uma performance dois pontos percentuais acima do
desempenho de um fundo que acompanha o índice S&P 500.
O fundo Impact Shares YWCA Women’s Empowerment,
concentrado em empresas comprometidas com o
empoderamento feminino e a igualdade de gêneros, registrava
alta parecida, de 26% no ano.
Adaptado. Fonte: http://bit.ly/38ViEBJ.
Com base no texto 'Pragmático ou idealista ao investir?', leia as
afirmativas a seguir:
I. No texto, é possível identificar a ideia de que o fundo Vanguard
ETF ESG registrava alta de 34% no ano até meados de novembro
de 2019, uma performance dois pontos percentuais acima do
desempenho de um fundo que acompanha o índice S&P 500. Esse
excelente resultado, de acordo com o autor, deve-se aos subsídios
governamentais dados às organizações sem fins lucrativos que
trabalham em prol da conservação do meio ambiente no Brasil.
II. O texto aponta que o Bank of America estima que US$ 20
trilhões serão destinados a estratégias que lidem com desafios
ambientais, sociais e de governança nas duas próximas décadas –
especialmente quando se leva em conta a ascensão dos
millennials e da geração Z como investidores.
III. No texto, Patrick Scheurle, representante do braço de private
equity do BlueOrchard, afirma que o investimento realizado ajuda a
Royal Exchange a aumentar seu portfólio de seguros relacionados
ao clima e também a aumentar a proteção contra eventos da
mudança climática na Namíbia. Patrick afirma, ainda, que a
concessão de crédito para os pequenos empreendedores é a
principal forma de estimular a distribuição de renda entre os
produtores agrícolas nos países mais pobres do leste europeu.
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