Atenção: As questões de números 9 a 12 baseiam-se no
texto apresentado abaixo.
João Pessoa deixou de ser a singela capital política da
Paraíba, aureolada com alguns lavores de cultura que a
segurança e o ócio bem dosado do serviço público propiciavam.
Já não é apenas a sede das funções centrais de governo e
arcádia de um bacharelismo letrado que dividia os tédios da
burocracia com os jogos amenos do espírito. Os poetas − e
quase todos eram poetas – lhe deram o apelido de A Cidade
das Acácias – tentativa ingênua de fixar-lhe uma cor e um
bucólico destino.
Para desgosto dos poetas, João Pessoa e seu
aglomerado de cidades simbiônticas romperam com o desígnio
poético para se transformarem no centro da economia
paraibana. Com achegas populacionais que Espírito Santo,
Mamanguape e Rio Tinto lhe emprestaram, mesmo à distância,
João Pessoa e seu agregado urbano galgaram a marca do
milhão de habitantes, para assim merecerem o estatuto legal de
região metropolitana. A Cidade das Acácias está agora
sepultada entre chaminés e arranha-céus; ficou reduzida a
alguns recantos de saudade que uns poucos poetas
insubmissos ainda cantam. [...]
Ora, a Paraíba se distinguia na geografia econômica da
região por ocupação bastante equilibrada do território. Campina
Grande, mercantil e industriosa, exerceu papel muito importante
nessa conformação relativamente homogênea da economia e
da população no espaço – entreposto interno dos intercâmbios
entre o vasto interior agropecuário e as fontes distantes dos
bens industriais de que este precisava, Campina operou como
uma espécie de barreira ao tropismo litorâneo que subjaz ao
processo de interiorização da atividade econômica.
A ação interiorizante de Campina Grande foi muito forte;
todavia, por si só não bastaria para manter o balanço territorial
da economia paraibana. Enquanto durou, esse balanço se
deveu, basicamente, à natureza do sistema de produção que se
organizou no Estado, desde o início da ocupação do território.
Determinado de início pelas entradas do criatório, com a função
de suprir os engenhos do litoral com carnes e animais de tiro, o
sistema pecuário original, muito rarefeito, adensa-se e consolida-se
pela incorporação da cultura comercial do algodão.
O algodão foi mesmo o fio que construiu o grande tecido
econômico dos sertões – por sua amplitude geográfica, por sua
versatilidade produtiva, por sua capacidade de gerar renda,
mesmo em circunstâncias climáticas adversas − e, por sua
associação feliz com a pecuária e com as lavouras de
subsistência, o algodão foi de fato o grande colchão do sistema
de economia que permitiu ao Semi-Árido elevadas taxas de
crescimento demográfico e notável uniformidade na ocupação
do território. [...]
(Adaptado de Adalberto Barreto.
http://jornal paraíba.globo. com/especial/jp2004ani/espec. − 6. html)
Um título adequado para o texto apresentado é: