Texto base:
O CAVALO QUE BEBIA CERVEJA
“[...] Seo Priscílio apareceu, falou com seo
Giovânio: se que estórias seriam aquelas, de um
cavalo beber cerveja? Apurava com ele, apertava. Seo
Giovânio permanecia muito cansado, sacudia devagar
a cabeça, fungando o escorrido do nariz, até o toco do
charuto; mas não fez mau rosto ao outro. Passou
muito a mão na testa: - “Lei, quer ver?” Saiu, para
surgir com um cesto com as garrafas cheias, e uma
gamela, nela despejou tudo, às espumas. Me mandou
buscar o cavalo: o alazão canela-clara, bela face. O
qual – era de se dar a fé? – Já avançou, avispado, de atreitas orelhas, arredondando as ventas, se
lambendo: e grosso bebeu o rumor daquilo, gostado,
até o fundo; a gente vendo que ele já era manhudo,
cevado naquilo! Quando era que tinha sido ensinado,
possível? Pois, o cavalo ainda queria mais e mais
cerveja. Seo Priscílio se vexava, no que agradeceu e
se foi. Meu patrão assoviou de esguicho, olhou para
mim: - “Irivalíni, que estes tempos vão cambiando mal.
Não laxa as armas!” Aproveitei. Sorri de que ele
tivesse as todas manhas e patranhas. Mesmo assim,
meio me desgostava”.
(ROSA, João Guimarães. O cavalo que bebia cerveja”. In:______.
Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 145)
Guimarães Rosa, na sua obra, revela a
necessidade de revitalizar o homem, por meio de uma
estrutura linguística autêntica, promovendo, sobretudo,
uma revolução instrumental: a revolução estilística.
Esse é um ponto de vista apontado pelos críticos
Afrânio Coutinho e Eduardo Coutinho, no livro A
Literatura no Brasil, volume 4, publicado pela editora
de São Paulo em 2004. Nessa perspectiva, marque a
alternativa que identifica, nos dois trechos, essa
revolução estilística, pela desconstrução da linguagem
no conto “O cavalo que bebia cerveja”: