Na sua imaginação perturbada sentia a natureza toda
agitando-se para sufocá-la. Aumentavam as sombras. No
céu, nuvens colossais e túmidas rolavam para o abismo do
horizonte... Na várzea, ao clarão indeciso do crepúsculo,
os seres tomavam ares de monstros... As montanhas,
subindo ameaçadoras da terra, perfilavam-se tenebrosas...
Os caminhos, espreguiçando-se sobre os campos,
animavam-se quais serpentes infinitas... As árvores soltas
choravam ao vento, como carpideiras fantásticas da
natureza morta... Os aflitivos pássaros noturnos gemiam
agouros com pios fúnebres. Maria quis fugir, mas os
membros cansados não acudiam aos ímpetos do medo
e deixavam-na prostrada em uma angústia desesperada.
ARANHA. J P G Canaã. São Paulo Ática. 1997
No trecho, o narrador mobiliza recursos de linguagem que
geram uma expressividade centrada na percepção da