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ID
5009683
Banca
INEP
Órgão
ENEM
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO I
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco. é um pouco sozinho
E um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba-do-campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o matita-pereira

TOM JOBIM,  Águas de março. O Tom de Jobim e o tal de João Bosco (disco de bolso)
Salvador Zen Produtora 1972 (fragmento)

TEXTO II
    A inspiração súbita e certeira do compositor serve ainda de exemplo do lema antigo: nada vem do nada. Para ninguém, nem mesmo para Tom Jobim. Duas fontes são razoavelmente conhecidas. A primeira é o poema O caçador de esmeraldas, do mestre parnasiano Olavo Bilac: "Foi em março, ao findar da chuva, quase à entrada/ do outono, quando a terra em sede requeimada/ bebera longamente as águas da estação [...]". E a outra é um ponto de macumba, gravado com sucesso por J. B. Carvalho, do Conjunto Tupi: “É pau, é pedra, é seixo miúdo, roda a baiana por cima de tudo". Combinar Olavo Bilac e macumba já seria bom; mas o que se vê em Águas de março vai muito além: tudo se transforma numa outra coisa e numa outra música, que recompõem o mundo para nós.

 NESTROVSKI, A. O samba mais bonito do mundo. In Três canções de Tom Jobim.
São Paulo. Cosac Naify. 2004

Ao situar a composição no panorama cultural brasileiro, o Texto II destaca o(a)

Alternativas
Comentários
  • No início do texto II, Nestrovski deixa claro que “nada vem do nada”, “nem mesmo para Tom Jobim”. Em seguida, o autor mostra que a canção de Tom Jobim “Águas de Março” tem estreita intertextualidade com o poema “O caçador de esmeraldas”, de Olavo Bilac, e com o ponto de macumba, gravado por J.B. Carvalho. Observa-se, portanto, que a canção de Tom Jobim estabelece diálogo com diferentes tradições da cultura nacional, uma erudita (Olavo Bilac), outra popular (ponto de macumba).

    Fonte = Curso objetivo

    Espero ter ajudado :)