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ID
5017081
Banca
IADES
Órgão
SES-DF
Ano
2020
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Um homem de 63 anos de idade é um paciente antigo da ala psiquiátrica de um tradicional instituto de saúde mental da sua região. Está institucionalizado há 36 anos, tendo perdido seus vínculos familiares e comunitários originais. É conhecido por ser inteligente e articulado, mas também agitado e com pensamentos de onipotência, como nas diversas situações em que afirma ser “irmão de Deus”, enviado para libertar a humanidade do satanismo. Frequentemente, o paciente fica sentado em uma cadeira no pátio da instituição, de forma que é possível perceber a boca dele se contraindo, bem como a respectiva cabeça que, constantemente, se contrai para o lado esquerdo, de maneira involuntária. O paciente passa boa parte do dia sentado nessa cadeira, quase imóvel, com olhar vago em uma única direção. No horário do almoço, cotidianamente, algum enfermeiro se aproxima do paciente e o convida para almoçar, ao que ele responde, prontamente, caminhando em direção ao refeitório. Costuma iniciar a refeição usando as mãos para levar o alimento até a boca, mas, sempre que é repreendido por algum cuidador, passa a utilizar os talheres disponíveis. A equipe relata que o paciente realiza as próprias atividades fisiológicas de maneira independente, mas que necessita, continuamente, de ser lembrado pela equipe de ir ao banheiro, beber água etc. Regularmente, a instituição que acolhe o paciente recebe visitas de estudantes de psicologia e de psiquiatria, e ele sempre é entrevistado por tais estudantes. Relata, nessas ocasiões, o respectivo grau de parentesco com Deus e adentra um diálogo acerca de sua missão divina, mas, sempre que indagado quanto a pontos da própria história, age como se tivesse se esquecido do que estava falando, afirmando sempre “não sei, não lembro”. A rotina desse paciente tem sido essa, com pouquíssimas mudanças ao longo dos últimos 36 anos.  

A respeito desse caso clínico e com base nos conhecimentos correlatos, julgue o item a seguir.


De acordo com Paulo Dalgalarrondo (2008), os delírios como os do paciente caracterizam uma alteração do conteúdo do pensamento.

Alternativas
Comentários
  • Alteração do Juízo de realidade

  • Dalgalarrondo

    No capítulo de alterações de pensamento ele diz: O juízo de realidade/delírio, embora seja um aspecto do pensamento, pela importância do delírio em psicopatologia, foi tratado em capítulo próprio.

    Em seguida ele diz: Embora muitos autores classifiquem os delírios como alterações do conteúdo do pensamento, isso nos parece incorreto. O conteúdo do pensamento apenas preenche uma forma, uma estrutura. Nesse sentido, corresponde à temática do pensamento. Assim, não se pode falar propriamente em alterações patológicas do conteúdo do pensamento. Há tantos conteúdos quanto são os temas de interesse ao ser humano. Optou-se, aqui, consequentemente, por não incluir o importante tema dos delírios no item “conteúdo do pensamento”, mas no capítulo referente às alterações do juízo de realidade. Quando um indivíduo acometido por uma psicose afirma que “os vizinhos preparam um complô para matá-lo”, o conteúdo é de perseguição, mas o que está patologicamente alterado é a atribuição de realidade absoluta a esse pensamento, ou seja, o modo como o juízo de realidade se constitui.

    No capítulo sobre o juízo da realidade ele diz: É preciso lembrar que as alterações do juízo de realidade são alterações do pensamento. Tais alterações são destacadas em capítulo próprio, devido à importância e à extensão que o tema apresenta em psicopatologia, sobretudo com relação ao construto “delírio”.