- ID
- 5019367
- Banca
- IBADE
- Órgão
- Prefeitura de Santa Luzia D`Oeste - RO
- Ano
- 2020
- Provas
-
- IBADE - 2020 - Prefeitura de Santa Luzia D`Oeste - RO - Artifice de Pedreiro
- IBADE - 2020 - Prefeitura de Santa Luzia D`Oeste - RO - Artifice em Copa e Cozinha
- IBADE - 2020 - Prefeitura de Santa Luzia D`Oeste - RO - Auxiliar de Serviços Gerais
- IBADE - 2020 - Prefeitura de Santa Luzia D`Oeste - RO - Braçal
- IBADE - 2020 - Prefeitura de Santa Luzia D`Oeste - RO - Coveiro
- IBADE - 2020 - Prefeitura de Santa Luzia D`Oeste - RO - Gari
- IBADE - 2020 - Prefeitura de Santa Luzia D`Oeste - RO - Inspetor de Pátio de Escola
- IBADE - 2020 - Prefeitura de Santa Luzia D`Oeste - RO - Monitor Transporte Escolar
- IBADE - 2020 - Prefeitura de Santa Luzia D`Oeste - RO - Motorista Veículo Pesado
- IBADE - 2020 - Prefeitura de Santa Luzia D`Oeste - RO - Motorista Veículos Leves
- IBADE - 2020 - Prefeitura de Santa Luzia D`Oeste - RO - Operador de Escavadeira Hidráulica
- IBADE - 2020 - Prefeitura de Santa Luzia D`Oeste - RO - Operador de Máquina Patrol
- IBADE - 2020 - Prefeitura de Santa Luzia D`Oeste - RO - Op
- Disciplina
- Português
- Assuntos
TEXTO I
Vocações
Todos diziam que a Leninha, quando crescesse, ia sermédica. Passava horas brincando de médico com asbonecas. Só que, ao contrário de outras crianças, quandolargou as bonecas não perdeu a mania. A primeira vez quetocou no rosto do namorado foi para ver se estava comfebre. Só na segunda é que foi carinho. Ia porque ia sermédica. Só tinha uma coisa: não podia ver sangue.
– Mas Leninha, como é que...
– Deixa que eu me arranjo.
Não que ela tivesse nojo de sangue. Desmaiava. Não podiaver carne mal passada. Ou Ketchup. Um arranhãozinho erao bastante para derrubá-la. Se o arranhão fosse em outrapessoa ela corria para socorrê-la - era o instinto médico -,mas botava o curativo com o rosto virado.
– Acertei? Acertei?
– Acertou o joelho. Só que é na outra perna!
Mas fez vestibular para medicina, passou e preparou-separa começar o curso.
– E as aulas de anatomia, Leninha? Os cadáveres?
– Deixa que eu me arranjo.
Fez um trato com a Olga, colega desde o secundário.Quando abrissem um cadáver, fecharia os olhos. A Olgadescreveria tudo para ela.
– Agora estão tirando o fígado. Tem uma cor meio...
– Por favor, sem detalhes.
Conseguiu fazer todo o curso de medicina sem ver umagota de sangue. Houve momentos em que precisouexplicar os olhos fechados.
– É concentração, professor.
Mas se formou. Hoje é médica, de sucesso. Não nacirurgia, claro. Se bem que chegou a pensar a convidar aOlga para fazerem uma dupla cirúrgica, ela operando como rosto virado e a Olga dando as coordenadas.
– Mais pra esquerda... Aí. Agora corta!
Está feliz. Inclusive se casou, pois encontrou uma almagêmea. Foi num aeroporto. No bar onde foi tomar umcafezinho enquanto esperava a chamada para o embarquepuxou conversa com um homem que parecia muitonervoso.
– Algum problema? – perguntou, pronta para medicá-lo.
– Não – tentou sorrir o homem – É o avião…
– Você tem medo de voar?
– Pavor. Sempre tive.
– Então porque voa?
– Na minha profissão, é preciso.
– Qual é a sua profissão?– Piloto.
Casaram-se uma semana depois.
(VERÍSSIMO, Luís Fernando. A mãe de Freud. Círculo deLivro, 1985.)
“A primeira vez que tocou no rosto do namorado foi para ver se estava com febre.” O termo destacado é um numeral: