Em palavras breves, as figuras de linguagem são recursos expressivos utilizados com objetivo de gerar efeitos no discurso. Dentro do extenso grupo em que se arrolam esses recursos, existem quatro subdivisões: figura de palavra, figura de construção, figura de sintaxe e figura de som.
O trecho a ser inspecionado:
“Essa prova foi um balde de água fria”
No segmento destacado constata-se uma metáfora para a decepção, arraso.
a) Metáfora
Correto. Trata-se de recurso expressivo demasiadamente portentoso e, do ponto de vista puramente formal, consiste na transferência de um termo para uma esfera de significação que não é sua, normalmente em virtude de uma comparação implícita, ou seja, que não apresenta elementos comparativos do tipo "como", "qual", "tal como", "tal qual". Exs.:
“Incêndio — leão ruivo, ensanguentado.” (Castro Alves)
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa)
“Mamãe antes de casar, segundo tia Emília, era um foguete, uma ruiva tempestuosa.” (Clarice Lispector)
“O mexerico é a ambrosia dos lugarejos pobres.” (Monteiro Lobato)
“Os moleques sabiam que o coração dela era um torrão de açúcar.” (José Lins do Rego)
Todavia, nem sempre está implícita essa comparação, como é visto nos exemplos a seguir extraídos de Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara: “sol da liberdade”, “vale de lágrimas”, “negros pressentimentos”, “não ponha a carroça diante dos bois”.
b) Antítese
Incorreto. É a contraposição de uma palavra ou frase a outra de significação oposta. Exs.:
“Amigos e inimigos estão, amiúde, em posições trocadas.” (Rui Barbosa)
“A vida e a morte combatiam surdas / No silêncio e nas trevas do sepulcro.” (Fagundes Varela)
c) Pleonasmo
Incorreto. É o emprego de palavras desnecessárias ao sentido. Há dois tipos: um a que se chama de vicioso, decorrente da ignorância da significação das palavras (p.ex. decapitar a cabeça, tornar a repetir, encarar de frente), e o literário, que é intencional e serve à ênfase, ao vigor da expressão. Exs.:
“Era como se todo o mundo que ele pisara com os pés, que vira com os seus olhos, que pegara com as suas mãos, se perdesse num instante.” (José Lins do Rego)
“Meteram-me a mim e a mais trezentos companheiros (...) no estreito e infecto porão de um navio.” (Maria Firmina dos Reis)
“Contra o parecer do médico assistente deu-se alta a si próprio.” (Monteiro Lobato)
“Talvez ainda um dia me será grata por ter-te impedido de matar-te a ti mesma.” (Bernardo Guimarães)
“Por mais que se apurem, os ouvidos nada ouvem.” (Monteiro Lobato)
d) Barbarismo
Incorreto. Não é necessário sequer conhecer a definição de barbarismo, pois se refere a um vício de linguagem e não a uma figura de linguagem.
Letra A