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ID
5036293
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
CODEVASF
Ano
2021
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Caso clínico 13A1-I

         Denis, de 15 anos de idade, estudante, foi encaminhado pela escola para avaliação psicológica. De acordo com os pais dele, Denis sempre foi um menino muito agitado e “esquisito”, mas que "fazia o que precisava fazer" e parecia conseguir lidar bem com isso. No atendimento psicológico, a mãe iniciou com o seguinte relato: “Doutor, as coisas foram só piorando. Primeiro, ele nunca gostou de dormir. Mexia e remexia a noite toda desde pequeno. Sempre muito agressivo e impaciente. A gente percebia que ele era mais agitado que o normal, pois temos outra filha e ela era completamente diferente dele quando tinha a mesma idade. O medo, Denis só apresentou depois; na verdade, o pavor veio depois que a irmã se trancou, sem querer, no quarto. Denis ficou incontrolável. Chorava e se batia, dizendo que nunca mais veria a irmã. Nessa época, ele tinha 4 anos. Depois dessa situação, ficou com muito medo de tudo. Certa vez, ele disse que não entraria no carro, pois tinha medo de que colidisse contra um ônibus. Mas cada dia era uma coisa diferente. Procuramos ajuda na época, e ele foi acompanhado por psiquiatra e psicólogo. Depois de 1 ano, recebeu alta. Mas ele sempre foi um menino diferente. Na escola, as coisas pioraram de um ano pra cá: o rendimento dele caiu, ele não consegue acompanhar as aulas e não faz tarefas. Esse ano mesmo, já é repetente... é a terceira vez que faz. Nunca teve amigos. Seu círculo social é pobre e não se sustenta. É imaturo demais. Chama de amigo o garoto que conheceu há dois dias na Internet. Passa muito tempo trancado no quarto, envolvido com jogos e redes sociais. Está mais calado e na dele. Já peguei Denis falando sozinho algumas vezes. Tem uns comportamentos estranhos: há 3 meses, aproximadamente, estávamos todos dormindo em casa. Era tarde da noite. Nossa filha sentiu o cheiro de velas e correu pro quarto dele. A única coisa que ele dizia era: 'Frente à treva, só a luz... Eu sou a luz do mundo!’, enquanto segurava velas — e tinha mais umas 15 acessas em toda a casa. Foi preciso chamar o Corpo de Bombeiros. Ninguém segurava ele" (sic). 
        O pai de Denis acrescentou: "Tem épocas que ele está mais tranquilo. Mas já me disse que tem algo na sua cabeça que não o deixa descansar, mas que não pode falar muito a respeito ‘por motivos de segurança’. Ontem, a coordenadora da escola nos contatou. Pensávamos que tivesse relação com a queda de rendimento, mas ela nos pediu que comparecêssemos à escola. Na reunião agendada, nos contou que Denis foi pego se autolesionando na hora do intervalo. Ao ser interrompido, não falava coisa com coisa. Só dizia: 'Não me interrompam. Tenho uma missão! Vocês saberão qual será minha verdadeira identidade'" (sic).

Ainda com relação ao caso clínico 13A1-I, julgue o item a seguir, de acordo com o DSM-V, a CID-10 e a psicopatologia.


O nível de ansiedade e o pavor apresentados por Denis na situação em que sua irmã ficou trancada no quarto foi fator predisponente para o desenvolvimento do transtorno de estresse pós-traumático.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: errado!

    Trata-se de um fator precipitante. Vejamos:

    "Os fatores predisponentes são aspectos remotos do desenvolvimento humano que formam o terreno no qual surgem os comportamentos suicidas (por exemplo, o diagnóstico de um transtorno de humor ou um histórico de suicídio na família) e, os fatores precipitantes são os estressores atuais que os desencadeiam (por exemplo, situações de perda e mudança de vida)."

    Dattebayo. 

  • Acredito que não seja TEPT, pois há necessidade de exposição a ep, concreto ou ameaça de: MORTE, LESÃO GRAVE, VIOLENCIA SEXUAL e o caso da irmã não se refere a nenhum desses condicionantes.

  • Um ponto importante que descarta o TEPT em Denis é que o transtorno dura mais de um mês.

    O médico faz o diagnóstico do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) quando

    • A pessoa foi exposta direta ou indiretamente ao evento traumático.
    • Os sintomas têm ocorrido por um mês ou mais.
    • Os sintomas causam angústia significativa ou prejudicam o desempenho de atividades de modo significativo.
    • A pessoa apresenta alguns sintomas de cada uma das categorias de sintomas associados ao TEPT (sintomas de intrusão, sintomas de esquiva, efeitos negativos sobre o pensamento e o humor e mudanças no estado de alerta e nas reações).

    Fonte: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/ansiedade-e-transtornos-relacionados-ao-estresse/transtorno-de-estresse-p%C3%B3s-traum%C3%A1tico

  • A questão requer conhecimentos acerca das síndromes psicopatológicas.

    Com relação ao caso hipotético, Dênis tem apresentado diversos comportamentos, que foram evoluindo em seu quadro, tais como:

    • hiperatividade e agressividade;
    • Fobias
    • isolamento e retraimento social
    • falta de rendimento escolar 
    • comportamentos considerado “esquisitos" (como acender diversas velas pela casa)
    • delírios (com falas desconexas) 
    • e o escutar vozes, que foi relatado pelo pai
    • automutilação

    Os sintomas de Dênis são constantes em sua vida. Tiveram início aos 4 anos e permanecem até a sua idade atual (15 anos).  Nesse sentido, o quadro revela que Denis pode estar apresentando início de um transtorno mental grave, possivelmente uma esquizofrenia. A esquizofrenia se caracteriza por presença de sintomas de pelo menos 6 meses e representa grandes prejuízos na vida do sujeito.


    Não há que se falar em Transtorno de Estresse Pós traumático, pois o medo vivenciado por Denis na situação com sua irmã tratou-se de medo acentuadamente superior ao fenômeno real, revelando um comportamento exagerado e possivelmente fóbico que não condiz com a característica do TEPT - que deve ocorrer em ameaças reais, violências, desastres ou outras situações concretas.

    Denis apresenta esquizofrenia, não possui TEPT.


    Gabarito da Professora: ERRADO.


    Fonte: DSM-V (on-line)