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ID
5036311
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
CODEVASF
Ano
2021
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Caso clínico 13A1-I

         Denis, de 15 anos de idade, estudante, foi encaminhado pela escola para avaliação psicológica. De acordo com os pais dele, Denis sempre foi um menino muito agitado e “esquisito”, mas que "fazia o que precisava fazer" e parecia conseguir lidar bem com isso. No atendimento psicológico, a mãe iniciou com o seguinte relato: “Doutor, as coisas foram só piorando. Primeiro, ele nunca gostou de dormir. Mexia e remexia a noite toda desde pequeno. Sempre muito agressivo e impaciente. A gente percebia que ele era mais agitado que o normal, pois temos outra filha e ela era completamente diferente dele quando tinha a mesma idade. O medo, Denis só apresentou depois; na verdade, o pavor veio depois que a irmã se trancou, sem querer, no quarto. Denis ficou incontrolável. Chorava e se batia, dizendo que nunca mais veria a irmã. Nessa época, ele tinha 4 anos. Depois dessa situação, ficou com muito medo de tudo. Certa vez, ele disse que não entraria no carro, pois tinha medo de que colidisse contra um ônibus. Mas cada dia era uma coisa diferente. Procuramos ajuda na época, e ele foi acompanhado por psiquiatra e psicólogo. Depois de 1 ano, recebeu alta. Mas ele sempre foi um menino diferente. Na escola, as coisas pioraram de um ano pra cá: o rendimento dele caiu, ele não consegue acompanhar as aulas e não faz tarefas. Esse ano mesmo, já é repetente... é a terceira vez que faz. Nunca teve amigos. Seu círculo social é pobre e não se sustenta. É imaturo demais. Chama de amigo o garoto que conheceu há dois dias na Internet. Passa muito tempo trancado no quarto, envolvido com jogos e redes sociais. Está mais calado e na dele. Já peguei Denis falando sozinho algumas vezes. Tem uns comportamentos estranhos: há 3 meses, aproximadamente, estávamos todos dormindo em casa. Era tarde da noite. Nossa filha sentiu o cheiro de velas e correu pro quarto dele. A única coisa que ele dizia era: 'Frente à treva, só a luz... Eu sou a luz do mundo!’, enquanto segurava velas — e tinha mais umas 15 acessas em toda a casa. Foi preciso chamar o Corpo de Bombeiros. Ninguém segurava ele" (sic). 
        O pai de Denis acrescentou: "Tem épocas que ele está mais tranquilo. Mas já me disse que tem algo na sua cabeça que não o deixa descansar, mas que não pode falar muito a respeito ‘por motivos de segurança’. Ontem, a coordenadora da escola nos contatou. Pensávamos que tivesse relação com a queda de rendimento, mas ela nos pediu que comparecêssemos à escola. Na reunião agendada, nos contou que Denis foi pego se autolesionando na hora do intervalo. Ao ser interrompido, não falava coisa com coisa. Só dizia: 'Não me interrompam. Tenho uma missão! Vocês saberão qual será minha verdadeira identidade'" (sic).

Considerando as contribuições da psicanálise, julgue o item subsequente, referente ao caso clínico 13A1-I.


A estrutura apresentada por Denis é uma consequência da incidência da castração que marca a falta na mãe e no pai.

Alternativas
Comentários
  • ERRADO! É na neurose que há incidência da castração...

  • Negativo Tayna.

    Segundo Lacan e outros psicanalistas;

    há castração também na sujeito Psicótico (Foraclusão) e Perverso (Denegação)

  • A castração ocorre em todos os sujeitos! A posição estrutural que cada um irá ocupar diante da angústia de castração é o que define a neurose (recalque), perversão (denegação) e a psicose (foraclusão).

  • Gab. :Errado

    Há castração na neurose, psicose e perversão.

    A diferença é que : Na neurose, o sujeito reprime; Na psicose , o sujeito rejeita; Na perversão, o sujeito desmente.

    e no caso da questão houve uma rejeição (psicose) .

  • Incidência significa algo que ocorre, acontece. A incidência da castração está presente em todas as estruturas clínicas, mas acredito que o erro da questão está em afirmar que há falta na mãe e no pai, quando na verdade a falta é a falta do falo. Na mãe falta o falo, no pai não.

  • A questão solicita conhecimentos acerca dos sintomas positivos e negativos na psiquiatria



    Com relação ao caso hipotético, Dênis tem apresentado diversos comportamentos, que foram evoluindo em seu quadro, tais como:


    hiperatividade e agressividade;

    Fobias

    isolamento e retraimento social

    falta de rendimento escolar 

    comportamentos considerado “esquisitos" (como acender diversas velas pela casa)

    delírios (com falas desconexas) 

    e o escutar vozes, que foi relatado pelo pai

    automutilação


    O quadro revela que Denis pode estar apresentando início de um transtorno mental grave, entre um quadro esquizofrênico ou esquizotípico.


    Na psicanálise, os quadros psicóticos apresentam origem em situações conflituosas em períodos mais arcaicos, mais exatamente na fase oral. A partir da falha transmitida pela mãe no reconhecimento do Eu-corpo-outro do bebê, o esquizofrênico busca sobrevivência a partir da lógica do reinvestimento de um corpo que não pode ser reconhecido como limitado, mas sim como um composto de fragmentos cujos limites se desconhecem. Por isso que o sujeito  psicótico esquizofrênico não se reconhece quando está em surto – poderá ver o Outro como alguém que o ameaça, podendo vir a se defender desse Outro de forma fatídica. (Soprani, 2014).


    Dessa forma, falar que a estrutura esquizofrênica é consequência da simbolização da castração - que ocorre mais ou menos no período genital, na conflitva edípica está incorreto. 


    Gabarito da Professora: ERRADO.



    Fonte: Soprani, Luziani. (2014). A esquizofrenia sob o ponto de vista da psicanálise. (blog on-line)