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ID
5036314
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
CODEVASF
Ano
2021
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Caso clínico 13A1-I

         Denis, de 15 anos de idade, estudante, foi encaminhado pela escola para avaliação psicológica. De acordo com os pais dele, Denis sempre foi um menino muito agitado e “esquisito”, mas que "fazia o que precisava fazer" e parecia conseguir lidar bem com isso. No atendimento psicológico, a mãe iniciou com o seguinte relato: “Doutor, as coisas foram só piorando. Primeiro, ele nunca gostou de dormir. Mexia e remexia a noite toda desde pequeno. Sempre muito agressivo e impaciente. A gente percebia que ele era mais agitado que o normal, pois temos outra filha e ela era completamente diferente dele quando tinha a mesma idade. O medo, Denis só apresentou depois; na verdade, o pavor veio depois que a irmã se trancou, sem querer, no quarto. Denis ficou incontrolável. Chorava e se batia, dizendo que nunca mais veria a irmã. Nessa época, ele tinha 4 anos. Depois dessa situação, ficou com muito medo de tudo. Certa vez, ele disse que não entraria no carro, pois tinha medo de que colidisse contra um ônibus. Mas cada dia era uma coisa diferente. Procuramos ajuda na época, e ele foi acompanhado por psiquiatra e psicólogo. Depois de 1 ano, recebeu alta. Mas ele sempre foi um menino diferente. Na escola, as coisas pioraram de um ano pra cá: o rendimento dele caiu, ele não consegue acompanhar as aulas e não faz tarefas. Esse ano mesmo, já é repetente... é a terceira vez que faz. Nunca teve amigos. Seu círculo social é pobre e não se sustenta. É imaturo demais. Chama de amigo o garoto que conheceu há dois dias na Internet. Passa muito tempo trancado no quarto, envolvido com jogos e redes sociais. Está mais calado e na dele. Já peguei Denis falando sozinho algumas vezes. Tem uns comportamentos estranhos: há 3 meses, aproximadamente, estávamos todos dormindo em casa. Era tarde da noite. Nossa filha sentiu o cheiro de velas e correu pro quarto dele. A única coisa que ele dizia era: 'Frente à treva, só a luz... Eu sou a luz do mundo!’, enquanto segurava velas — e tinha mais umas 15 acessas em toda a casa. Foi preciso chamar o Corpo de Bombeiros. Ninguém segurava ele" (sic). 
        O pai de Denis acrescentou: "Tem épocas que ele está mais tranquilo. Mas já me disse que tem algo na sua cabeça que não o deixa descansar, mas que não pode falar muito a respeito ‘por motivos de segurança’. Ontem, a coordenadora da escola nos contatou. Pensávamos que tivesse relação com a queda de rendimento, mas ela nos pediu que comparecêssemos à escola. Na reunião agendada, nos contou que Denis foi pego se autolesionando na hora do intervalo. Ao ser interrompido, não falava coisa com coisa. Só dizia: 'Não me interrompam. Tenho uma missão! Vocês saberão qual será minha verdadeira identidade'" (sic).

Considerando as contribuições da psicanálise, julgue o item subsequente, referente ao caso clínico 13A1-I.


Denis apresenta o recalque como saída possível diante da falta.

Alternativas
Comentários
  • Denis apresenta o recalque como saída possível diante da falta.

    Denis apresenta Foraclusão (forclusão como diz a cespe rs)

    questão: ERRADA!

  • foraclusão do nome-do-pai é fundamental para que a psicose;

    denegação do nome-do-pai é fundamental para que a perversão ;

    recalque do nome-do-pai é fundamental para que a neurose ;

  • Neurose ----> Recalque

    Psicose ----> Foraclusão

    Perversão ----> Denegação

  • A questão requer conhecimentos acerca das estruturas psíquicas de acordo com a abordagem psicanalítica.


    Inicialmente, precisamos estabelecer o conceito das estruturas clínicas reconhecidas pela psicanálise, que são três: neurose, psicose e perversão. Uma estrutura refere-se a organização psíquica do indivíduo. Entendendo sua organização, é possível estabelecer como o sujeito deve ser compreendido e tratado. 


    Cada uma dessas estruturas possui um tipo de conflitiva diferente e um mecanismo de defesa correspondente em maior evidência


    Na estrutura neurótica, o sujeito possui organização egóica em torno do genital e do Édipo, apresentando conflitiva entre o ego e as pulsões. Como defesa, utiliza-se do recalcamento dessas pulsões, mantendo contato com a realidade intacta.


    Na estrutura psicótica, predomina no sujeito uma estrutura mais arcaica, comandada pelo princípio do prazer e processo primário, com objetivo de suprir uma libido mais narcísica. Suas defesas também são mais arcaicas, onde há uma recusa de parte da realidade externa. O mecanismo de defesa mais  utilizado é a forclusão, ou seja, a criação de uma nova realidade mediante um delírio ou alucinação.


    Na perversão, há uma fixação na sexualidade infantil onde o sujeito reconhece a castração paterna, porém a desmente ou denega, ou seja, o sujeito aceita e nega ao mesmo tempo a realidade, fazendo com que transgrida as leis e viva sob sua própria maneira. O mecanismo de defesa mais utilizado nesse caso é a denegação.



    No caso de Dênis, os sintomas de alucinações, comportamentos esquisitos, isolamento socioafetivo, corroboram para um diagnóstico de esquizofrenia, uma psicose.


    Nesse caso, o mecanismo de defesa utilizado não é o recalque (pois este é utilizado pelos neuróticos), e sim a forclusão.

    Gabarito da Professora: ERRADO.