As cartas de amor
deveriam ser fechadas
com a língua.
Beijadas antes de enviadas.
Sopradas. Respiradas.
O esforço do pulmão
capturado pelo envelope,
a letra tremendo
como uma pálpebra.
Não a cola isenta, neutra,
mas a espuma, a gentileza,
a gripe, o contágio.
Porque a saliva acalma um machucado.
As cartas de amor
deveriam ser abertas com os dentes.
CARPINEJAR, F. Como no céu. Rio de Janeiro: Bertrand Russel, 2005.
No texto predomina a função poética da linguagem,
pois ele registra uma visão imaginária e singularizada
de mundo, construída por meio do trabalho estético da
linguagem. A função conativa também contribui para esse
trabalho na medida em que o enunciador procura