SóProvas


ID
5074333
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Sorocaba - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O velho


    O que eu mais temo – escrevi em um dos meus agás – não é o Sono Eterno, mas a possibilidade de uma insônia eterna – o que seria uma verdadeira estopada, um suplício sem fim. Porém, em uma de minhas costumeiras noites de sonho acordado, o meu amigo morto me pediu um cigarro, e disse-me:

    – Não é como tu pensas, todos nós trabalhamos numa série infinita de escritórios (cada geração de mortos num deles) onde a gente se entrega a um sério trabalho de estatística: tem-se de anotar a chegada de cada um e comunicar-lhe o respectivo número, pois isso de nomes é mera convenção terrena. O pior são os que atrapalham a escrita, morrendo antes do tempo – ou porque se mataram ou por culpa dos médicos, e estes ainda são culpados quando fazem os doentes morrer depois da hora, numa espécie de sobrevida artificial, já que os médicos (diga-se em sua honra) julgam criminosa a prática da eutanásia... Uma pena!

    – E fora do expediente, o que fazem vocês?

    – Bem, a hora do almoço não deixa de ser divertida por causa dos Santos: põem-se a discutir acaloradamente qual deles fez na Terra o maior número de milagres e outras futilidades.

    – E Deus? Me conta como é Ele...

    – Ah, o Velho? Desconfio que certa vez O vi...

    – Mas conta-me lá como foi que desconfiaste de ter visto o Velho?

    – Foi há tempos, eu era recém-chegado, quando uma tarde apareceu de surpresa no escritório um velhinho muito simpático. Com as mãos às costas, curvava-se sobre cada mesa, inspecionando o nosso trabalho, por sinal que me atrapalhei, errei uma palavra. Ele bateu-me confortadoramente no ombro, como quem diz: “Não foi nada... não foi nada...” Ao retirar-se, já com a mão no trinco da porta, virou-se para nós e abanou: “Até outra vez se Eu quiser!”


(Mário Quintana. Da preguiça como método de trabalho. Adaptado)

Conforme o texto, o amigo morto do narrador desconfiou que tinha visto Deus porque

Alternativas
Comentários
  • Assertiva A

    o velhinho simpático disse “Até outra vez se Eu quiser!”, ao sair do escritório.

    ...” Ao retirar-se, já com a mão no trinco da porta, virou-se para nós e abanou: “Até outra vez se Eu quiser!”

  • Mas oq isso tem a ver?

  • Usualmente, as pessoas costumam dizer "se Deus quiser". A personagem citada no texto, que adentrou no escritório, disse "Até outra vez se Eu quiser". Ou seja, há fortes indícios de que tal personagem é o próprio Deus.

    Letra A

  • Nem deveria ter subido, olha como fala de DEUS kkkk

  • Se Deus quiser vou ser aprovada

  • A gente percebe que o examinador transou quando damos de cara com uma questão dessas.
  • Texto muito bom!