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ID
5076070
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE
Ano
2020
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Text 27A2-1

    Descontente com toda violência sofrida em casa, Jones, atualmente com 23 anos de idade, é usuário de álcool e de outras drogas desde os 12 anos de idade, idade que tinha quando fugiu de casa. Com histórico de alcoolismo, o pai agredia verbalmente e fisicamente todos em casa. 
      Segue o relato de Jones: Meu pai fazia uns bicos na rua enquanto minha mãe cuidava da casa, de mim e dos meus irmãos. Era pra sustentar a gente… Eu sei. Mas ele bebia todos os dias. Saía do trabalho e ia direto para o bar. Minha mãe fingia que não ligava. Ela nunca teve coragem de sair de casa por nossa causa. Ao menos, ‘a gente tinha o que comer’, era o que ela dizia. Mas eu cansei de toda essa situação. Disse a ela que daria um jeito de trabalhar para conseguir sobreviver e dar o que comer a ela e meus irmãos. Mas ela preferiu ficar. Acho que pela promessa que fez a Deus e, também, porque tinha medo que pudesse acontecer algo pior com a gente, caso meu pai nos encontrasse. Fugi. Sem casa e sem trabalho, fui viver na rua. Lá eu conheci uns amigos que me apresentaram ‘uns bagulho’. No começo, resisti, mas depois a fome era tanta que passei a trocar a fome pela onda que a droga trazia. Nunca mais consegui sair. Espero que Deus me perdoe por isso. Já passei por várias internações (psiquiátricas). Dizem que fico muito doido e já cheguei a ver bicho saindo e passeando pelo meu corpo. Não sei. Não lembro de nada. Hoje frequento grupos do centro de atenção psicossocial de álcool e drogas (CAPS-AD). Me sinto cada dia melhor. Mas sei que é um dia de cada vez. Já recaí algumas vezes e sei que isso pode acontecer de novo (sic).

No que se refere ao caso clínico hipotético apresentado no texto 27A2-I, às intervenções psicológicas em casos específicos, à psicopatologia e à dependência química, assinale a opção correta.

Alternativas
Comentários
  • A. dimensão cultural de Jones deve ser desconsiderada (CONSIDERADA!!!) na formulação diagnóstica psiquiátrica do caso.

     

     

    B O componente religioso deve ser excluído  (INCLUÍDO!!!) da questão diagnóstica do caso, considerando-se a atribuição e o papel ético do psicólogo.

     

    C O diagnóstico psicopatológico de Jones é claro, não sendo necessária a avaliação do curso da doença para fins de categorizar o quadro. (o CURSO DAS PSICOPATOLOGIAS PRECISA SER SEMPRE OBSERVADO!!!)

    D

    D. As propostas de ação e intervenção no caso de Jones devem ser fundamentadas em um diagnóstico psiquiátrico pluridimensional. (Correto! Ele apresenta indicativo de uso abusivo de múltiplas substâncias)

     

     

    E Jones apresenta sintomas patognomônicos característicos de sua dependência do álcool e de outras drogas. Errado! Em psicopatologia, NÃO SINTOMAS PATOGNOMÔNICOS EM NENHUM TRANSTORNO, ou seja, não nenhum sinal ou sintoma que seja ÚNICO para a caracterização de um transtorno específico! A CESPE JÁ FEZ VÁRIAS QUESTÕES COM ESSA ABORDAGEM. Adora confundir os candidatos com essa palavra!

  • Sobre a alternativa E:

    Sintomas Patognomônicos:

    De modo geral, não existe m sinais ou sintomas psicopatológicos totalmente específicos de determinado transtorno mental . Além disso, não há sintomas patognomônicos em psiquiatria.

    Não existe no domínio dos distúrbios psíquicos, um sintoma mórbido que seja único totalmente característico de uma enfermidade .

  • De acordo com Dalgalarrondo (2019), o diagnóstico psiquiátrico deve ser sempre pluridimensional.  Várias dimensões clínicas e psicossociais devem ser incluídas para uma formulação diagnóstica completa: identifica-se um transtorno mental como a esquizofrenia, a depressão, a dependência de álcool, etc., diagnosticam-se condições ou doenças ou condições físicas associadas (hipertensão, cirrose hepática, obesidade, etc.) e avaliam-se a personalidade e o nível intelectual desse paciente, sua rede de apoio social, além de fatores ambientais protetores ou desencadeantes. Também é importante o esforço para a formulação dinâmica do caso (conflitos conscientes e inconscientes implicados no caso específico, mecanismos de defesa, ganho secundário, aspectos transferenciais, etc.) e a formulação diagnóstica cultural (símbolos e linguagem cultural específica para aquele indivíduo, representações sociais do indivíduo e familiares, valores, rituais, religiosidade envolvidos no caso).
    Vamos ver os erros das demais alternativas:
    A) A cultural de Jones deve ser DESCONSIDERADA na formulação diagnóstica psiquiátrica do caso.

    B) O componente religioso deve ser EXCLUÍDO da questão diagnóstica do caso, considerando-se a atribuição e o papel ético do psicólogo.

    C) O diagnóstico psicopatológico de Jones é claro, NÃO SENDO necessária a avaliação do curso da doença para fins de categorizar o quadro.

    E) Jones apresenta sintomas PATOGNOMÔNICOS característicos de sua dependência do álcool e de outras drogas. São sinais ou sintomas psicopatológicos específicos de determinado transtorno mental que, de modo geral, não existem em psicopatologia.
    Dalgalarrondo, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2019.

    Gabarito do Professor: Letra D.