Aspectos fonéticos
podem alterar bastante entre variantes de uma mesma língua, porém algumas
características mantêm-se semelhantes entre elas. Algumas variantes têm
características mais marcantes. A variante argentina do castelhano é um exemplo
de uma produção fonética com elementos muito distintivos, como a pronúncia de “
ll" em Buenos Aires (fricativa surda) em
relação à produção da mesma letra em outros locais tanto da Argentina quanto de
outros países de língua espanhola (em que “ll"
é uma africada sonora). Analisemos, então, cada uma das afirmações.
En toda Argentina
la
/n/ final de palabra es alveolar.
Os sons alveolares
são produzidos pelo toque da ponta da língua na região entre os incisivos
superiores e a parte inicial do palato duro (conforme imagem abaixo).
(FONTE: Sounds of Speech)
Em espanhol, os /n/ finais de sílaba ou
palavra são produzidos nessa área. Portanto, a primeira afirmação é adequada.
En Buenos Aires/Litoral del Sur no
existe la diferencia fonética entre
/λ/ y /ǰ/.
O som
/λ/ é uma lateral palatal tipicamente encontrada
em palavras como lluvia, llama, caballo.
Nesta produção, o dorso da língua toca o palato duro enquanto a língua se
separa dos molares em ambos os lados (alguns falantes fazem-no em apenas um
lado), o que possibilita o fluxo de ar. A ponta da língua apoia-se nos
incisivos inferiores.
Já
/ǰ/ é uma fricativa
palatal, cuja produção aparece em termos como maya, bella, amarillo. Para esta produção, o dorso da língua
encosta no palato em ambos os lados, mas a parte central tem uma abertura para
a passagem de ar; a ponta da língua apoia-se nos incisivos inferiores.
A articulação dos
dois sons é muito semelhante, bem como o som que é produzido, o que faz com que
os falantes de uma determinada região adotem uma ou outra forma sem distinção.
Logo, a segunda afirmação é verdadeira.
En Buenos Aires los
hablantes rurales, la aspiración de
/s/ final
ocasiona un alargamiento de la vocal precedente.
Esta é uma
característica que não diz respeito apenas aos falantes rurais. O /s/ em final
de sílaba pode ter diversas realizações, e isso, consequentemente, trará traços
distintos para as vogais ao redor. É possível perceber que a produção da /s/ aponta
também para algumas marcas sociológicas e geográficas, como nos explicam Alves
e Nobre (2015):
Hay la tendencia a la aspiración y a la
pérdida de la /s/ en fin de sílaba y fin de palabra, como la pronunciación de
las palabras mismo – [míhmo] – y disgusto – [di.'xuh.to] –, por ejemplo.
Además, la realización de la /s/ en posición implosiva varía según la
estratificación social y el registro del discurso (formal / informal). La
pronunciación de la “s" como sibilante aumenta conforme sube el nivel social
del hablante (...).
Esta aspiración, como también la pérdida
de la /s/ final, se da en casi todo el territorio argentino, solo con excepción
de las zonas de Puna y de la provincia de Santiago del Estero, donde aparece
una /s/ más tensa, sibilante, que entonces se mantiene al final de la sílaba o
de la palabra. (ALVES, NOBRE, 2015, p.
127)
As marcas
sociológicas nos permitem identificar que a produção da /s/ vai aparecer com
mais frequência entre os falantes que pertencem a uma determinada classe
social, a qual, majoritariamente, não se encontra nas zonas rurais dos países.
Nessas áreas, o mais comum é encontrar pessoas com acesso à educação reduzido
ou menor tempo de estudo do que nos grandes centros. É possível, portanto, perceber que a terceira
afirmação é verdadeira no que toca exclusivamente à produção de /s/ em final de
palavra entre a população argentina.
En Argentina las líquidas finales
siempre están sometidas a neutralización u otra modificación.
Os sons líquidos
finais /r/ e /l/ apresentam modificações em algumas variantes da língua
espanhola – a dominicana é a que mais chama atenção, com produções como sons
intermediários, assimilação do som de consoante a seguir, elipse, vocalização
em /i/, aspiração da /r/ e lateralização da /r/ (ALBA, 1988, p. 1). Mas no caso
específico da Argentina, esses processos são cada vez mais raros, porque a
presença europeia fez com que os traços de neutralização de líquidas ficassem
cada vez mais raros. A quarta afirmação, portanto, é incorreta.
Referências:
Alba, Orlando.
Estudio Sociolingüístico de la Variación de las Líquidas en el Español Cibaeño.
In: Studies in Caribbean Spanish Dialectology. Georgetown University Press, Washington
DC, 1988, p. 1-12.
ALVES, Davidson Martins Viana; NOBRE,
Mônica Maria Rio. Fonología, morfosintaxis y lexico del espanol de Argentina:
variación y uso linguístico. In: Interfaces. Vol.
6 n. 1 (outubro 2015), p. 124-131.
Sounds of Speech (website). Disponível em: <https://soundsofspeech.uiowa.edu/spanish>. Acesso em: 5
Set. 2021.
Gabarito da Professora: Letra C.