Texto
Licença poética
De acordo com o dicionário Houaiss, o termo “Licença
Poética” é definido como a “liberdade de o escritor utilizar
construções, prosódias, ortografias, sintaxes não
conformes às regras, ao uso habitual, para atingir seus
objetivos de expressão”. Está presente na literatura,
música e também nas propagandas.
Por meio da licença poética, o artista ganha liberdade de
expressão e se desprende da normatividade das regras
gramaticais e/ou métricas, utilizando, entre outros
recursos, versos irregulares, erros ortográficos e/ou
gramaticais e rimas falsas. Assim, observa-se uma espécie
de erro proposital, empregado para destacar determinado
ponto da obra.
Entre os exemplos de uso de licença poética, podemos
destacar o poema Indivisíveis, de Mário Quintana, que
apresenta a seguinte frase: “Meu primeiro amor
sentávamos…”.
Segundo a norma culta da língua portuguesa, observa-se
um erro de concordância verbal, uma vez que
o verbo (sentar) deve concordar com o sujeito (Meu
primeiro amor). Assim, a forma correta da flexão do verbo
deveria ser “sentava” em vez de “sentávamos”, no
entanto, o poeta optou em utilizar a primeira pessoa do
plural para demarcar simbolicamente a fusão entre o casal
de amantes.
O poeta Manoel de Barros também utiliza o recurso no
trecho: “Gostaria agora de escrever um livro. Usaria o
idioma das larvas incendiadas […]”. Nesse caso, ele utiliza a
licença poética para criticar a forma como as pessoas
costumam usar a linguagem, comparando-a às larvas.
Na letra da música Socorro, de Arnaldo Antunes, percebe-se a presença da licença poética no trecho a seguir: “Meu coração já não bate, só apanha…”. Sabe-se que o coração não é capaz de bater ou apanhar, no entanto, com a utilização do recurso, o autor reforça que em sua vida afetiva está mais acostumado a sofrer do que a ter alegrias.
Na letra da música Socorro, de Arnaldo Antunes, percebe-se a presença da licença poética no trecho a seguir: “Meu coração já não bate, só apanha…”. Sabe-se que o coração não é capaz de bater ou apanhar, no entanto, com a utilização do recurso, o autor reforça que em sua vida afetiva está mais acostumado a sofrer do que a ter alegrias.
Também encontramos a licença poética em romances,
roteiros de novela, textos publicitários, jornalísticos, assim
como em todas as outras áreas que envolvam um trabalho
direto com a língua.
Além de ser utilizada como recurso estético, a licença
poética pode ser utilizada para objetivos mais práticos. Por
exemplo, quando há uma novela ambientada ou com
núcleo formado por personagens estrangeiros, como
ocorreu em Caminho da Índias (Rede Globo, 2009), de
Glória Perez, surpreendentemente, observa-se que os
mesmos falam português perfeitamente. Isso ocorre
devido ao pacto ficcional estabelecido entre o público e o
autor da obra. Pelo fato dos telespectadores serem muito
variados, seria difícil que todos conseguissem acompanhar
o ritmo da trama, caso a mesma fosse legendada, o que
resultaria, consequentemente, em uma perda de público.
Uma vez que as telenovelas visam, em primeiro lugar, a
obtenção da audiência, não seria um bom negócio em
termos econômicos. Sem falar do tempo, esforço e
investimento que devem ser aplicados para ensinar uma
língua estrangeira aos atores, que, no momento da
veiculação da obra, precisariam apresentar fluência na
mesma.
Assim, pode-se considerar a licença poética como uma
manobra linguística válida para diversos gêneros textuais,
que permite aos autores expressarem o que desejam do
modo que considerem mais adequado.
Fonte: https://www.infoescola.com/literatura/licenca-poetica, acesso em
fevereiro de 2020
Após leitura atenta do Texto e seus conceitos sobre
variação linguística, infere-se que: