SóProvas


ID
5118874
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Guarulhos - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Imposturas intelectuais: algumas reflexões

    A história é conhecida, mas convém relembrá-la. Em 1996, um professor de Física da Universidade de Nova York, Alan Sokal, publicou, na revista de estudos culturais Social Text, um artigo com o suspeito título “Transgredindo as fronteiras: em direção a uma hermenêutica transformativa da gravitação quântica”. Social Text é uma revista simpática ao ideário pós-moderno, o que significa dizer que, para ela, alguns dos pressupostos mais basilares das ciências naturais, como a existência de uma realidade independente e a possibilidade de se obterem verdades objetivas a seu respeito, não passam de instrumentos ideológicos a serviço de interesses mais ou menos escusos.

    O artigo de Sokal acenava na direção de uma nascente ciência pós-moderna livre dos conceitos de verdade e realidade objetivas e a serviço de fins e interesses progressistas. Na busca afoita desses objetivos, o autor desse artigo supostamente sério massacra a ciência e o bom senso todas as vezes que pode, colocando em pé de igualdade teorias científicas e pseudocientíficas. Sokal temperou esse caldo indigesto de modo a torná-lo apetecível ao gosto pós-moderno com uma quantidade enorme de citações e referências bibliográficas – sempre verídicas –, cuja função precípua era substituir o argumento e a lógica pela força da autoridade, além do uso frequente de termos “pós-modernos”, como complexidade, não-linearidade, não-localidade, descontinuidade e tais.

    Social Text aceitou o artigo e publicou-o. Ato contínuo, Sokal escreveu outro artigo revelando que tudo não passara de uma paródia escrita com a finalidade de desmascarar absurdos pós-modernistas que passam por reflexão séria. Pega com as calças nas mãos, a Social Text decidiu não publicar esse segundo artigo. Mas a confissão da farsa foi publicada, ainda em 1996, em outras revistas. No ano seguinte, em associação com o professor de Física Teórica da Universidade de Louvain, Jean Bricmont, Sokal publica na França o livro Impostures Intellectuelles (Imposturas Intelectuais), em que a paródia de “Transgredindo as fronteiras” adquire os contornos de uma crítica articulada às claras. E, principalmente, dão-se nomes aos bois, todos gordos bois franceses.
    A reação dos criticados e seus seguidores (inclusive no Brasil) foi irada. Sokal e Bricmont foram acusados de tudo o que há de mau e pior. Mas quem quer que leia com atenção e sem partido o seu livro há de reconhecer que os autores são extremamente cautelosos com suas críticas, sempre muito bem focadas e substanciadas, evitando generalizações indevidas e extrapolações indesejadas.

(Jairo José da Silva. Natureza Humana. http://pepsic.bvsalud.org. Adaptado) 

Com atenção ao emprego do sinal indicativo de crase, assinale a alternativa em que a expressão destacada pode ser corretamente substituída pelo que está entre colchetes, sem demais alterações na frase.

Alternativas
Comentários
  • Não desista!

    quando faltar motivação tenha disciplina...

  • Letra A: Não há ocorrência de crase anteposta a pronome pessoal do caso reto.

    Letra C: Não há ocorrência de crase antes de palavra masculina.

    Letra D: Não há ocorrência de crase antes de verbo.

    Letra E: Não há ocorrência de crase quando o "a" estiver no singular e o termo seguinte, no caso pronome demonstrativo, estiver no plural.

    Gabarito Letra B.

    Seja forte e corajoso.

  • fiquei entre C e E, mas aí me lembrei do "ao".
  • gaba B

    uma curta explicação para que você possa entender.

    1) para ter certeza que vai crase troque o termo feminino subsequente por um masculino

    “São 170 mortes devido à infecção.”

    “São 170 mortes devido AO Covid-19.”

    Se aparecer o AO é porque quando for feminina vai crase. Por quê?

    2) o fenômeno da crase nada mais é que a contração da preposição A + artigo A

    mas quando você coloca uma palavra masculina temos preposição A + artigo O

    pertencelemos!

  • equivocadas

    A - pois falta artigo definido, também altera o sentido - voltar á ela/ ela quem ??

    C - substantivo masculino

    D - palavras que tem (ar) não se craseia

    E - artigo definido novamente, que críticas são essas / também devido ao pronome no plural

    1. Não há ocorrência de crase anteposta a pronome pessoal do caso reto. EX: Convém voltar à ela.
    2. Não há ocorrência de crase antes de palavra masculina. EX: Instrumentos ideológicos que atendem à fins e interesses progressistas.
    3. Não há ocorrência de crase antes de verbo. EX: Social Text recusou-se à publicar esse segundo artigo. [] →
    4. Não há ocorrência de crase quando o “a” estiver no singular e o termo seguinte, no caso pronome demonstrativo, estiver no plural. EX: Os autores imprimem extrema cautela à suas críticas.

  • GAB. B

    ... uma revista simpática ao ideário pós-moderno... [à doutrina pós-moderna]

  • RESUMÃO DO BOM - CRASE

    O que é: fenômeno gramatical que ocorre sobreposição ''A + A''. (fusão de vogais). Sempre tem que ter preposição.

    CASOS OBRIGATÓRIOS:

    1) Junção da preposição + Artigo Feminino;

    Ex: Ele se referiu à aluna

    2) Junção prep. + Pronome demonstrativo;

    Ex: Ele se referiu àquela aluna.

    Obs: Cuidado com o pronome demonstrativo (tem que ter sobreposição de ''a(s)'') - ''este(s)'' e ''essa(s)'' é caso proibido.

    3) Junção prep. + Pronome relativo (caso haja sobreposição);

    Ex: A aluna à qual me referi saiu.

    4) Expressões adverbiais, conjuntivas e prepositivas, nome de lugar (vou a, volta da, crase há), hora determinada e diante da palavra casa e terra quando determinadas.

    MACETE: Troque o termo posterior por um masculino qualquer.

    Formou ''ao''? Então, há crase.

    Ex: João deu um presente à esposa. Trocando: Maria deu um presente AO esposo. Crase há.

    CASOS FACULTATIVOS:

    1) Diante de nomes de mulheres

    2) Diante de pronome possessivo feminino adjetivo no singular

    Principais: MINHA, TUA, SUA, NOSSA, VOSSA.

    3) Após a preposição "Até"

    Obs: A) Caso a questão diga que a crase pode ser retirada, tem que estar em uma das hipóteses de facultatividade. B) Logicamente, temos que sempre lembrar, é necessário algum termo estar exigindo a preposição. 

    CASOS PROIBIDOS: 

    1) Antes de palavras masculinas;

    Exceção: Estiver subentendido a expressão ''à moda de''

    2) Antes de pronomes oblíquos;

    3) VIA DE REGRA, antes de pronomes indefinidos; EXCEPCIONALMENTE ''outra(s)'' e ''demais'' admitem.

    4) Antes de VERBO (muita atenção nesse);

    5) Palavra no plural + ''a'' (singular); 

    (a no singular e um nome posposto no plural, crase nem a p.a.u)

    6) Antes dos demonstrativos esta(s) e essa(s);

    7) Substantivos repetidos;

    8) Antes de pronomes de tratamento;

    Exceção: ''Senhora'' e ''senhorita''.

    9) Antes de ''quem e ''cujo''.

  • ... convém relembrá-la. [voltar à ela] Não pode crase antes de pronomes.

    ... uma revista simpática ao ideário pós-moderno... [à doutrina pós-moderna] Simpática a algo.

    ... instrumentos ideológicos a serviço de fins e interesses progressistas. [que atendem à] Fins está no plural.

    ... Social Text decidiu não publicar esse segundo artigo. [recusou-se à] Não pode crase antes de verbos.

    .... os autores são extremamente cautelosos com suas críticas... [imprimem extrema cautela à] Está no plural também.

  • à doutrina

    ao doutrinador

    Letra: B

  • Uma observação sobre o pronome possessivo feminino :

    Diante de pronomes possessivos femininos [minha(s), tua(s), sua(s), nossa(s), vossa(s)],é facultativo o uso do artigo, então, quando houver a preposição a, será facultativa a ocorrência de crase