- ID
- 5145586
- Banca
- ADM&TEC
- Órgão
- Prefeitura de Palmeira dos Índios - AL
- Ano
- 2019
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
QUANDO O LUTO SE TRANSFORMA EM DOENÇA
Lidar com a perda de um ente querido não é tarefa fácil.
Entretanto, o luto é um processo pelo qual – infelizmente – todas
as pessoas deverão passar a fim de amenizar o sofrimento
gerado pela ausência do outro. O problema ocorre quando essafase natural se torna mais difícil que o habitual: o que os
especialistas chamam de “luto complicado”.
A psicóloga Juliana Batista, do HCor (Hospital do Coração), em
São Paulo, explica que todo processo de luto tem um começo,
um meio e um fim. “Diversas reações emocionais são
despertadas [com a morte de alguém], como tristeza, ansiedade,
culpa e raiva. Isso é muito comum. A pessoa também pode, num
primeiro momento, querer se isolar do convívio social. Em
relação às alterações físicas, podem ocorrer sudorese,
palpitação e fraqueza, já que o corpo fica sob estresse. A reação
varia de pessoa para pessoa, mas não há como evitar o
processo de luto.”
Todo mundo se pergunta quanto tempo esse processo vai durar.
Segundo a psicóloga, é bastante comum ouvir a queixa: “faz
tanto tempo que fulano faleceu e a esposa ainda não superou a
perda”. Na verdade, não existe um tempo certo para superar a
perda de alguém, isso depende de cada pessoa, do modo como
ela enfrenta e aceita a situação. Para alguns pode demorar
meses; para outros, anos.
“O primeiro ano após a perda é o mais difícil, porque é nesse ano
que ocorrem todos os primeiros aniversários sem a pessoa
próxima. Isso não significa que seja necessário um ano exato
para superar a morte. Um processo de luto é bem-sucedido e
finalizado quando a pessoa consegue superar a perda e seguir
em frente. Não é que ela vai esquecer a pessoa, pois as
lembranças e a ausência continuarão. Entretanto, a perda não vai
mais ocupar um lugar de destaque [na vida dela]”, explica a
psicóloga.
Quando por algum motivo o indivíduo não consegue passar por
essa fase, ele entra no chamado “luto complicado”. Geralmente,
isso acontece com pessoas que perderam entes de maneira
abrupta, como em acidentes, tragédias e casos de suicídio e na
morte precoce de um filho. “Nesses casos, todo pensamento e
ato estarão associados à perda, a pessoa não consegue se
desligar. Ela deixa de realizar as atividades costumeiras, como ir
ao trabalho e ao supermercado. O problema é que, diante de um
enlutado crônico, muitas vezes as pessoas querem medicá-lo
para sanar os sintomas quando, na verdade, ele precisa ser
ouvido”, completa a médica.
Em contrapartida, há aqueles que agem como se nada tivesse
acontecido e, alguns dias depois da morte, voltam a trabalhar e
lotam a agenda de compromissos. Mas, ainda segundo a
especialista, indivíduos que agem assim, na verdade, precisam
de cuidados especiais, pois ocupar-se excessivamente é uma
maneira de fugir do problema.
“É uma forma de luto inibido. A pessoa não manifesta as formas
de reação mais frequentes, como tristeza e raiva. Ou, então, de
luto adiado, quando a pessoa só começa a se dar conta da perda
depois de uns quinze dias”, diz Batista.
Aqueles que têm algum familiar ou amigo muito doente podem
começar a vivenciar o processo de luto antecipatório, antes da
morte do ente. “Dependendo do caso, esse pode ser um fator de
proteção para que o familiar, de repente, não entre num luto
complicado. Porque as perdas progressivas vão acontecendo
num intervalo de tempo considerável e assim ele vai se
acostumando com a ideia de não ter mais aquela pessoa ao
lado”, esclarece.
Em relação às cinco fases do luto (negação, raiva, barganha,
depressão e aceitação), que já foram amplamente divulgadas, a
psicóloga esclarece que é difícil enquadrar o paciente em uma
delas, pois às vezes ele pode passar por todas as fases ao
mesmo tempo ou simplesmente não passar por nenhuma.
(CONTE, Juliana. Quando o luto se transforma em doença.
Disponível em: http://bit.ly/2VR44Fa)
Com base no texto 'QUANDO O LUTO SE TRANSFORMA EM
DOENÇA', leia as afirmativas a seguir:
I. Como mostra o texto, o processo de luto é subjetivo, individual e
pode apresentar diferenças, dependendo de cada pessoa, do modo
como ela enfrenta e aceita a situação. Isso quer dizer que, para
alguns, pode demorar meses; para outros, anos.
II. A maneira como entes queridos morrem (de maneira abrupta,
como em acidentes, tragédias ou em casos de suicídio) é
definidora do chamado “luto complicado”. Essa fase dura
geralmente um ano, sendo o gatilho para saber quando a pessoa
precisará ou não de auxílio profissional.
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