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ID
5152486
Banca
Instituto Excelência
Órgão
CRIS - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Os reinos do amarelo

(João Cabral de Melo Neto)


A terra lauta da Mata produz e exibe

um amarelo rico (se não o dos metais):

o amarelo do maracujá e os da manga,

o do oiti-da-praia, do caju e do cajá;

amarelo vegetal, alegre de sol livre,

beirando o estridente, de tão alegre,

e que o sol eleva de vegetal a mineral,

polindo-o, até um aceso metal de pele.

Só que fere a vista um amarelo outro,

e a fere embora baço (sol não o acende):

amarelo aquém do vegetal, e se animal,

de um animal cobre: pobre, podremente.

Só que fere a vista um amarelo outro:

se animal, de homem: de corpo humano;

de corpo e vida; de tudo o que segrega

(sarro ou suor, bile íntima ou ranho),

ou sofre (o amarelo de sentir triste,

de ser analfabeto, de existir aguado):

amarelo que no homem dali se adiciona

o que há em ser pântano, ser-se fardo.

Embora comum ali, esse amarelo humano

ainda dá na vista (mais pelo prodígio):

pelo que tardam a secar, e ao sol dali,

tais poças de amarelo, de escarro vivo. 

Sobre o texto, é CORRETO afirmar que:


I- O texto faz um contraponto no qual a primeira metade do argumento expõe a beleza natural das coisas, o passo que a segunda metade a degradação da natureza favorecida pela cultura de intervenção da mão humana naquilo que existe.

II- A cor amarela funciona como um ponto em comum que é reiterado no texto em favor da comparação, criando uma metáfora sobre qual natureza é, de fato, é mais rica.

III- As relações predicativas do texto permitem a consolidação de duas imagens, construídas à medida que a leitura do texto progride.

Alternativas