SóProvas


ID
5178220
Banca
Instituto Excelência
Órgão
Prefeitura de Taubaté - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia a Crônica abaixo para responder a questão.

O melhor amigo
Fernando Sabino

A mãe estava na sala, costurando. O menino abriu a porta da rua, meio ressabiado, arriscou um passo para dentro e mediu cautelosamente a distância. Como a mãe não se voltasse para vê-lo, deu uma corridinha em direção de seu quarto. 
– Meu filho? – gritou ela.
– O que é – respondeu, com o ar mais natural que lhe foi possível.
– Que é que você está carregando aí?
Como podia ter visto alguma coisa, se nem levantara a cabeça? Sentindo-se perdido, tentou ainda ganhar tempo.
– Eu? Nada…
– Está sim. Você entrou carregando uma coisa.
Pronto: estava descoberto. Não adiantava negar – o jeito era procurar comovê-la. Veio caminhando desconsolado até a sala, mostrou à mãe o que estava carregando:
– Olha aí, mamãe: é um filhote…
Seus olhos súplices aguardavam a decisão.
– Um filhote? Onde é que você arranjou isso?
– Achei na rua. Tão bonitinho, não é, mamãe?
Sabia que não adiantava: ela já chamava o filhote de isso. Insistiu ainda:
– Deve estar com fome, olha só a carinha que ele faz.
– Trate de levar embora esse cachorro agora mesmo!
– Ah, mamãe… – já compondo uma cara de choro.
– Tem dez minutos para botar esse bicho na rua. Já disse que não quero animais aqui em casa. Tanta coisa para cuidar, Deus me livre de ainda inventar uma amolação dessas.
O menino tentou enxugar uma lágrima, não havia lágrima.
Voltou para o quarto, emburrado:
A gente também não tem nenhum direito nesta casa – pensava. Um dia ainda faço um estrago louco. Meu único amigo, enxotado desta maneira! 
– Que diabo também, nesta casa tudo é proibido! – gritou, lá do quarto, e ficou esperando a reação da mãe.
– Dez minutos – repetiu ela, com firmeza.
– Todo mundo tem cachorro, só eu que não tenho.
– Você não é todo mundo.
– Também, de hoje em diante eu não estudo mais, não vou mais ao colégio, não faço mais nada.
– Veremos – limitou-se a mãe, de novo distraída com a sua costura.
– A senhora é ruim mesmo, não tem coração!
– Sua alma, sua palma.
Conhecia bem a mãe, sabia que não haveria apelo: tinha dez minutos para brincar com seu novo amigo, e depois… ao fim de dez minutos, a voz da mãe, inexorável:
– Vamos, chega! Leva esse cachorro embora.
– Ah, mamãe, deixa! – choramingou ainda: – Meu melhor amigo, não tenho mais ninguém nesta vida.
– E eu? Que bobagem é essa, você não tem sua mãe?
– Mãe e cachorro não é a mesma coisa.
– Deixa de conversa: obedece sua mãe.
Ele saiu, e seus olhos prometiam vingança. A mãe chegou a se preocupar: meninos nessa idade, uma injustiça praticada e eles perdem a cabeça, um recalque, complexos, essa coisa
– Pronto, mamãe!
E exibia-lhe uma nota de vinte e uma de dez: havia vendido seu melhor amigo por trinta dinheiros.
– Eu devia ter pedido cinquenta, tenho certeza que ele dava murmurou, pensativo.
Fonte: http://phaleixo.blogspot.com/

Quanto ao processo de formação de palavras, assinale a alternativa CORRETA.

Alternativas
Comentários
  • derivação prefixal é um processo de formar palavras no qual um prefixo ou mais são acrescentados à palavra primitiva. Ex..: re/com/por (dois prefixos), desfazer, impaciente.

    derivação sufixal é um processo de formar palavras no qual um sufixo ou mais são acrescentados à palavra primitiva. Ex.: realmente, folhagem.

    derivação parassintética ocorre quando um prefixo e um sufixo são acrescentados à palavra primitiva de forma dependente, ou seja, os dois afixos não podem se separar, devendo ser usados ao mesmo tempo, pois sem um deles a palavra não se reveste de nenhum significado. Ex.:  abençoar (a- + bênção + -ar); ajoelhar (a- + joelho + -ar); amaldiçoar (a- + maldição + -ar);

  • A derivação se dá por meio do acréscimo de afixos à palavra primitiva. Exemplo: Veja a palavra “leal”. Somando um prefixo, podemos formar “DESleal”. Somando um sufixo, podemos formar “lealDADE". 

    Tipos:

    a) Derivação prefixal: Soma um prefixo a palavra primitiva;

    b) Derivação sufixal: Soma um sufixo a palavra primitiva;

    c) Derivação prefixal e sufixal: Soma um prefixo, sufixo ou ambos.

    d) Derivação parassintética: Soma um prefixo e um sufixo simultaneamente

    e) Derivação regressiva (deverbal): Decréscimo na palavra, que forma substantivos abstratos a partir de verbos. Exemplo: “roubo”, “venda”, “estudo”, todas derivam dos verbos “roubar”, “vender”, “estudar”. Desse modo, não é uma derivação regressiva quando o decréscimo regressivo formar substantivos concretos: “apito”, “âncora”, que são objetos.

    f) Derivação Imprópria: Não há alteração na palavra, mas sim na classe de palavra original. Exemplo: A palavra “viver” originalmente é um verbo. Todavia, na frese “O meu viver é intenso!”, a palavra se transformou em substantivo