SóProvas


ID
5205763
Banca
CONTEMAX
Órgão
Câmara de Flores - PE
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO 
ÉTICA PARA MEU FILHO

   (...)Veja: alguém pode lamentar ter procedido mal mesmo estando razoavelmente certo de que não sofrerá represálias por parte de nada nem de ninguém. É que, ao agirmos mal e nos darmos conta disso, compreendemos que já estamos sendo castigados, que lesamos a nós mesmos - pouco ou muito - voluntariamente. Não há pior castigo do que perceber que por nossos atos estamos boicotando o que na verdade queremos ser...
   De onde vêm os remorsos? Para mim está muito claro: de nossa liberdade. Se não fôssemos livres, não nos poderíamos sentir culpados (nem orgulhosos, é claro) de nada e evitaríamos os remorsos. Por isso, quando sabemos que fizemos algo vergonhoso procuramos afirmar que não tivemos outro remédio senão agir assim, que não pudemos escolher: “cumpri ordens de meus superiores”, “vi que todo o mundo fazia a mesma coisa”, “perdi a cabeça”, “é mais forte do que eu”, “não percebi o que estava fazendo”, etc. Do mesmo modo, quando o pote de geleia que estava em cima do armário cai e quebra, a criança pequena grita chorosa: “Não fui eu!”. Grita exatamente porque sabe que foi ela; se não fosse assim, nem se daria ao trabalho de dizer nada, ou talvez até risse e pronto. Em compensação, ao fazer um desenho muito bonito essa mesma criança irá proclamar: “Fiz sozinho, ninguém me ajudou!” Do mesmo modo, ao crescermos, queremos sempre ser livres para nos atribuir o mérito do que realizamos, mas preferimos confessar-nos “escravos das circunstâncias” quando nossos atos não são exatamente gloriosos.
(SAVATER, Fernando. Ética para meu filho.Trad. Monica Stahel. São Paulo: Martins Fontes, 1997. Tradução de: Ética para Amador.)

No texto de Fernando Savater, para apresentar suas ideias, o autor NÃO recorre à seguinte estratégia:

Alternativas
Comentários
  • Gab E

    apresentação de citação

  • Uso de comparação:

    Do mesmo modo, quando o pote de geleia que estava em cima do armário cai e quebra, a criança pequena grita chorosa: “Não fui eu!”.

    Presença de pessoalidade:

    Para mim está muito claro: de nossa liberdade.

    Emprego de exemplificação:

    “cumpri ordens de meus superiores”, “vi que todo o mundo fazia a mesma coisa”, “perdi a cabeça”, “é mais forte do que eu”, “não percebi o que estava fazendo”, etc.

    Aproximação com o leitor: uso de verbos na 3ª pessoa do plural:

    É que, ao agirmos mal e nos darmos conta disso, compreendemos que já estamos sendo castigados, que lesamos a nós mesmos.

  • A questão é de interpretação de texto e quer saber qual das estratégias abaixo o autor NÃO recorre. Vejamos:

     .

    A) uso de comparação

    Certo. O autor recorre ao uso de comparação, como pode ser visto em "do mesmo modo, ao crescermos, queremos sempre ser livres para nos atribuir o mérito do que realizamos, mas preferimos confessar-nos “escravos das circunstâncias” quando nossos atos não são exatamente gloriosos".

     .

    B) presença de pessoalidade

    Certo. O autor recorre à presença de pessoalidade, como pode ser visto em "de onde vêm os remorsos? Para mim está muito claro: de nossa liberdade".

     .

    C) emprego de exemplificação

    Certo. O autor recorre ao emprego de exemplificação, como pode ser visto em "quando sabemos que fizemos algo vergonhoso procuramos afirmar que não tivemos outro remédio senão agir assim, que não pudemos escolher: “cumpri ordens de meus superiores”, “vi que todo o mundo fazia a mesma coisa”, “perdi a cabeça”, “é mais forte do que eu”, “não percebi o que estava fazendo”, etc.".

     .

    D) aproximação com o leitor

    Certo. O autor recorre à aproximação com o leitor, como pode ser visto em "se não fôssemos livres, não nos poderíamos sentir culpados (nem orgulhosos, é claro) de nada e evitaríamos os remorsos". (= "nós")

     .

    E) apresentação de citação

    Errado. Em nenhum momento do texto o autor apresenta uma citação.

     .

    Gabarito: Letra E

  • perceba que o que vem entre aspas não é citação, é exemplificação: Por isso, quando sabemos que fizemos algo vergonhoso procuramos afirmar que não tivemos outro remédio senão agir assim, que não pudemos escolher: “cumpri ordens de meus superiores”, “vi que todo o mundo fazia a mesma coisa”, “perdi a cabeça”, “é mais forte do que eu”, “não percebi o que estava fazendo”, etc.