SóProvas


ID
5205769
Banca
CONTEMAX
Órgão
Câmara de Flores - PE
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO 
ÉTICA PARA MEU FILHO

   (...)Veja: alguém pode lamentar ter procedido mal mesmo estando razoavelmente certo de que não sofrerá represálias por parte de nada nem de ninguém. É que, ao agirmos mal e nos darmos conta disso, compreendemos que já estamos sendo castigados, que lesamos a nós mesmos - pouco ou muito - voluntariamente. Não há pior castigo do que perceber que por nossos atos estamos boicotando o que na verdade queremos ser...
   De onde vêm os remorsos? Para mim está muito claro: de nossa liberdade. Se não fôssemos livres, não nos poderíamos sentir culpados (nem orgulhosos, é claro) de nada e evitaríamos os remorsos. Por isso, quando sabemos que fizemos algo vergonhoso procuramos afirmar que não tivemos outro remédio senão agir assim, que não pudemos escolher: “cumpri ordens de meus superiores”, “vi que todo o mundo fazia a mesma coisa”, “perdi a cabeça”, “é mais forte do que eu”, “não percebi o que estava fazendo”, etc. Do mesmo modo, quando o pote de geleia que estava em cima do armário cai e quebra, a criança pequena grita chorosa: “Não fui eu!”. Grita exatamente porque sabe que foi ela; se não fosse assim, nem se daria ao trabalho de dizer nada, ou talvez até risse e pronto. Em compensação, ao fazer um desenho muito bonito essa mesma criança irá proclamar: “Fiz sozinho, ninguém me ajudou!” Do mesmo modo, ao crescermos, queremos sempre ser livres para nos atribuir o mérito do que realizamos, mas preferimos confessar-nos “escravos das circunstâncias” quando nossos atos não são exatamente gloriosos.
(SAVATER, Fernando. Ética para meu filho.Trad. Monica Stahel. São Paulo: Martins Fontes, 1997. Tradução de: Ética para Amador.)

O vocábulo “que” destacado nos excertos abaixo retirados do texto, desempenha, discursiva e gramaticalmente o mesmo papel em todas as opções, EXCETO:

Alternativas
Comentários
  • Em todas as alternativas temos uma oração subordinada substantiva objetiva direta, exceto na alternativa A, na qual estamos diante de um termo expletivo..

    Ademais, em alguns casos, como na alternativa C e E, temos uma oração subordinada substantiva objetiva direta decorrente de uma zeugma - palavra ou termo já citado anteriormente em que sua retirada não prejudica o sentido da frase.

    (...) compreendemos que já estamos sendo castigados, que lesamos a nós mesmos(...)

    reescrita - compreendemos que já estamos sendo castigados, compreendemos que lesamos a nós mesmos.

  • CUIDADO

    Embora a questão não apresente imperfeição, há comentário que faz afirmação incorreta.

    A) “É que, ao agirmos mal e nos darmos conta disso (...)” (1º parágrafo)

    O termo grifado é parte integrante de expressão de realce, suprimível e sintaticamente inexpressiva.

    B) “(...) compreendemos que já estamos sendo castigados, (...)” (1º parágrafo)

    O termo em destaque é conjunção integrante, introduzindo oração subordinada substantiva objetiva direta.

    C) “(...) que lesamos a nós mesmos - pouco ou muito - voluntariamente.” (1º parágrafo)

    O termo em destaque é conjunção integrante, introduzindo oração subordinada substantiva objetiva direta.

    D) “(...) perceber que por nossos atos estamos boicotando (...)” (1º parágrafo)

    O termo em destaque é conjunção integrante, introduzindo oração subordinada substantiva objetiva direta.

    E) “(...) que não pudemos escolher: (...)” (2º parágrafo)

    O termo em destaque é conjunção integrante, introduzindo oração subordinada substantiva objetiva direta.

    Importante ter atenção à afirmação feita em comentário diverso aqui disponível. As construções que encontramos nas alternativas C e E são, quando analisadas integralmente, objetos virgulados devido à existência de vários termos de mesma função sintática, não existindo zeugma.

    Nos casos em que a aludida figura de linguagem ocorre, a supressão é clara e inequívoca, não surgindo por pura separação de termos de igual função.

    "Eu torço para o Grêmio, meu pai, para o internacional." - Aqui temos caso de zeugma. Ocorre a supressão do verbo "torcer" na segunda oração por opção estilística.

    "...procuramos afirmar que não tivemos outro remédio senão agir assim, que não pudemos escolher..." - Aqui não temos zeugma, mas dois objetos oracionais sequenciados, sendo a separação marcada por virgula. A não repetição do verbo ocorre por desnecessidade, não por opção estilística, não havendo que se falar em figura de linguagem.

    Gabarito na alternativa A

  • Questao dificil. Nas alternativas A B D eu consegui encaixar o "ISSO", logo a questao segue outro raciocinio

  • Na letra A o "é que" é expressão de realce, podendo ser retirada na frase sem prejuízo algum.

    Já nas demais alternativas, o "que" se trata de conjunção integrante.

  • conjunção integrante em todas, exceta em A.

  • a) partícula de realce, pode ser retirada sem alterar o sentido da frase.

    Todas as outras são: CONJUNÇÃO INTEGRANTE (troque por: isso)

    ex: compreendemos que já estamos sendo castigados

    compreendemos ISSO

    #PMMINAS

  • É + QUE: PARTÍCULA DE REALCE

  • Mais da metade errou, provavelmente aquela galera que se baseia em seguir bizu, aó invés de realmente aprender o assunto