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ID
5208631
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
IBGE
Ano
2021
Provas
Disciplina
Legislação Federal
Assuntos

Vicentina, supervisora de coleta e qualidade que supervisiona Felício, recebeu propina de Aderbal, prefeito de determinado município, para adulterar os dados de coleta de pesquisa a fim de produzir resultados estatísticos mais favoráveis à sua gestão. Felício tomou conhecimento desse fato.

Com relação à situação hipotética apresentada, assinale a opção correta.

Alternativas
Comentários
  • letra E

    Seção II Dos principais deveres do servidor público do IBGE

    XIV - São deveres fundamentais do servidor do IBGE:

    h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra qualquer comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal;

  • a) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra qualquer comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal;

  • Da leitura do enunciado da questão, percebe-se que a hipótese seria de cometimento de ilícito grave por parte de Vicentina, vale dizer, o recebimento de propina para desempenhar sua função pública de maneira não condizente com a realidade e com o interesse público, evidentemente.

    Assim sendo, mesmo sem a consulta de qualquer diploma normativo, parece bastante óbvio que o servidor que toma conhecimento de fatos dessa natureza e que adota providências no sentido de torná-los públicos, com vistas a que os responsáveis sejam punidos, jamais poderia ser apenado com qualquer tipo de sanção.

    Afinal, é do interesse da coletividade que o cometimento de ilícitos de qualquer natureza venham à tona, sejam postos às claras, e que os responsáveis recebam as devidas reprimendas da lei.

    Firmadas estas premissas, e respondendo mais diretamente a questão, pode-se aplicar o disposto na regra de n.º XIV, letra "h", do Código de Ética do IBGE, que assim estabelece:

    "XIV - São deveres fundamentais do servidor do IBGE:

    (...)

    h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra qualquer comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal;"

    Como daí se vê, a postura correta do servidor, diante de óbvia ilegalidade cometida por seus superiores, seria a representação, em vista do comprometimento indevido da estrutura em que se funda o poder estatal.

    À luz destas considerações iniciais, vejamos cada opção da Banca:

    a) Errado:

    Ao contrário do aqui aduzido, a "denúncia" seria, sim, possível, tratando-se, em rigor, de um dever administrativo.

    b) Errado:

    Nenhum servidor está obrigado ao cumprimento de ordens manifestamente ilegais, como seria o caso, visto que consistiria em adulteração de resultados estatísticos. O dever de obediência não abarca, por evidente, as ordens que se mostrem manifestamente ilegais, como seria a hipótese em análise.

    c) Errado:

    Em se tratando de servidora do IBGE, uma fundação pública federal, seriam aplicáveis as disposições da Lei 8.112/90, que estabelece a penalidade de demissão como cabível para o recebimento de propina ou a prática de improbidade administrativa, a teor de seus arts. 132, IV e XIII, e 117, XII.

    d) Errado:

    Considerando que a hipótese seria de recebimento de ordem manifestamente ilegal, não haveria dever administrativa de cumpri-la, o que se extrai do teor do art. 116, IV, parte final, que ressalva, justamente, a desnecessidade de cumprimento de ordens manifestamente ilegais, como seria o caso.

    e) Certo:

    Por fim, a presente opção se mostra afinada com todas as premissas teóricas acima estabelecidas, de maneira que está correta.


    Gabarito do professor: E

  • GABARITO: LETRA E

    COMENTÁRIO DO PROFESSOR PARA QUEM NÃO TEM ACESSO

    Da leitura do enunciado da questão, percebe-se que a hipótese seria de cometimento de ilícito grave por parte de Vicentina, vale dizer, o recebimento de propina para desempenhar sua função pública de maneira não condizente com a realidade e com o interesse público, evidentemente.

    Assim sendo, mesmo sem a consulta de qualquer diploma normativo, parece bastante óbvio que o servidor que toma conhecimento de fatos dessa natureza e que adota providências no sentido de torná-los públicos, com vistas a que os responsáveis sejam punidos, jamais poderia ser apenado com qualquer tipo de sanção.

    Afinal, é do interesse da coletividade que o cometimento de ilícitos de qualquer natureza venham à tona, sejam postos às claras, e que os responsáveis recebam as devidas reprimendas da lei.

    Firmadas estas premissas, e respondendo mais diretamente a questão, pode-se aplicar o disposto na regra de n.º XIV, letra "h", do Código de Ética do IBGE, que assim estabelece:

    "XIV - São deveres fundamentais do servidor do IBGE:

    (...)

    h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra qualquer comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal;"

    Como daí se vê, a postura correta do servidor, diante de óbvia ilegalidade cometida por seus superiores, seria a representação, em vista do comprometimento indevido da estrutura em que se funda o poder estatal.

    À luz destas considerações iniciais, vejamos cada opção da Banca:

    a) Errado:

    Ao contrário do aqui aduzido, a "denúncia" seria, sim, possível, tratando-se, em rigor, de um dever administrativo.

    b) Errado:

    Nenhum servidor está obrigado ao cumprimento de ordens manifestamente ilegais, como seria o caso, visto que consistiria em adulteração de resultados estatísticos. O dever de obediência não abarca, por evidente, as ordens que se mostrem manifestamente ilegais, como seria a hipótese em análise.

    c) Errado:

    Em se tratando de servidora do IBGE, uma fundação pública federal, seriam aplicáveis as disposições da Lei 8.112/90, que estabelece a penalidade de demissão como cabível para o recebimento de propina ou a prática de improbidade administrativa, a teor de seus arts. 132, IV e XIII, e 117, XII.

    d) Errado:

    Considerando que a hipótese seria de recebimento de ordem manifestamente ilegal, não haveria dever administrativa de cumpri-la, o que se extrai do teor do art. 116, IV, parte final, que ressalva, justamente, a desnecessidade de cumprimento de ordens manifestamente ilegais, como seria o caso.

    e) Certo:

    Por fim, a presente opção se mostra afinada com todas as premissas teóricas acima estabelecidas, de maneira que está correta.

    FONTE: Rafael Pereira, Juiz Federal.