SóProvas


ID
5212396
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
IBGE
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1A1-I

    Estou escrevendo um livro sobre a guerra...
    Eu, que nunca gostei de ler livros de guerra, ainda que, durante minha infância e juventude, essa fosse a leitura preferida de todo mundo. De todo mundo da minha idade. E isso não surpreende — éramos filhos da Vitória. Filhos dos vencedores.
    Em nossa família, meu avô, pai da minha mãe, morreu no front; minha avó, mãe do meu pai, morreu de tifo; de seus três filhos, dois serviram no Exército e desapareceram nos primeiros meses da guerra, só um voltou. Meu pai.
     Não sabíamos como era o mundo sem guerra, o mundo da guerra era o único que conhecíamos, e as pessoas da guerra eram as únicas que conhecíamos. Até agora não conheço outro mundo, outras pessoas. Por acaso existiram em algum momento?
     A vila de minha infância depois da guerra era feminina. Das mulheres. Não me lembro de vozes masculinas. Tanto que isso ficou comigo: quem conta a guerra são as mulheres. Choram. Cantam enquanto choram.
     Na biblioteca da escola, metade dos livros era sobre a guerra. Tanto na biblioteca rural quanto na do distrito, onde meu pai sempre ia pegar livros. Agora, tenho uma resposta, um porquê. Como ia ser por acaso? Estávamos o tempo todo em guerra ou nos preparando para ela. E rememorando como combatíamos. Nunca tínhamos vivido de outra forma, talvez nem saibamos como fazer isso. Não imaginamos outro modo de viver, teremos que passar um tempo aprendendo.
     Por muito tempo fui uma pessoa dos livros: a realidade me assustava e atraía. Desse desconhecimento da vida surgiu uma coragem. Agora penso: se eu fosse uma pessoa mais ligada à realidade, teria sido capaz de me lançar nesse abismo? De onde veio tudo isso: do desconhecimento? Ou foi uma intuição do caminho? Pois a intuição do caminho existe...
     Passei muito tempo procurando... Com que palavras seria possível transmitir o que escuto? Procurava um gênero que respondesse à forma como vejo o mundo, como se estruturam meus olhos, meus ouvidos.
     Uma vez, veio parar em minhas mãos o livro Eu venho de uma vila em chamas. Tinha uma forma incomum: um romance constituído a partir de vozes da própria vida, do que eu escutara na infância, do que agora se escuta na rua, em casa, no café. É isso! O círculo se fechou. Achei o que estava procurando. O que estava pressentindo.

Svetlana Aleksiévitch. A guerra não tem rosto de mulher.
Companhia das Letras, 2016, p. 9-11 (com adaptações).  

Depreende-se do texto 1A1-I que um dos motivos que levou à escrita desse livro foi o fato de que

Alternativas
Comentários
  • Gab. D

    Estou escrevendo um livro sobre a guerra... Eu, que nunca gostei de ler livros de guerra, ainda que, durante minha infância e juventude, essa fosse a leitura preferida de todo mundo. (...)

    Agora, tenho uma resposta, um porquê. Como ia ser por acaso? Estávamos o tempo todo em guerra ou nos preparando para ela. E rememorando como combatíamos. Nunca tínhamos vivido de outra forma, talvez nem saibamos como fazer isso. Não imaginamos outro modo de viver, teremos que passar um tempo aprendendo.

    Tudo que há de bom: https://linktr.ee/pedrohtp

    bons estudos!

  • GABARITO - B

    a) ERRADA – Não se trata de um motivo, e sim de uma oposição: a pessoa escreveu um livro sobre guerra, apesar de não gostar do assunto.

    b ) ERRADA – Entende-se do texto que a pessoa deseja reproduzir o que ouve das pessoas sobre a guerra, não necessariamente focando os horrores do conflito.

    c) ERRADA – De fato! Todo mundo gostava do assunto, mas não foi isso que motivou a escrita do livro, segundo o texto.

    d) CERTA – De fato! O autor do texto afirma não conhecer outro mundo que não o da guerra nem outras pessoas que não as que viveram a guerra. Isso dá a entender não havia opção senão escrever uma obra sobre a guerra.

    e) ERRADA – O texto dá a entender que a decisão de escrever o livro se deu num momento posterior à guerra.

    Fonte: José Maria

    Bons estudos!

  • gaba D

    DE ACORDO COM O TEXTO OU DEPREENDE-SE → está escrito no texto, eu vou ler e encontrar.

    INFERE-SE DO TEXTO → Eu vou ler, mas tá de maneira implícita no texto, eu vou interpretar

    inferindo o que o autor disse, eu interpreto que ele escreveu sobre um mundo que ele conhece.

    ________________________________________

    canal com questões, dicas & minemônicos → https://t.me/aplovado

    pertencelemos!

  • Errei aqui e na prova também

  • GABARITO - D

    o mundo da guerra era o único que a pessoa que o escreveu conhecia.

    "Estou escrevendo um livro sobre a guerra..."

    Durante todo o texto ele descreve como a guerra esteve presente na sua vida, agora observe o último parágrafo.

     "Uma vez, veio parar em minhas mãos o livro Eu venho de uma vila em chamas. Tinha uma forma incomum: um romance constituído a partir de vozes da própria vida, do que eu escutara na infância, do que agora se escuta na rua, em casa, no café. É isso! O círculo se fechou. Achei o que estava procurando. O que estava pressentindo."

    Esse livro serviu de inspiração para ele escrever sobre a guerra, ou seja, o mundo que conheceu, viveu, experienciou, etc. Pois, esse era o mundo que conhecia.

    Onde houver trevas que eu leve a LUZ!

  • Gabarito: D

    É necessário fazer uma releitura do texto, tanto para responder questões de compreensão quanto interpretação [mesmo que isso seja dificílimo na prova], na releitura [leitura mais atenta] o texto mostrará caminhos para chegar à compreensão e confirmará em trechos explícitos a interpretação.

    No texto, a autora busca o motivo que a levou a escrever sobre a guerra, já que nem disso gostava, e conta a história da sua família, fragmentos da vida cotidiana, as mulher sobreviventes, livros inclusive ela ganhou um romance sobre guerra e enfim chega a conclusão que por só viver em mundo de guerra, esse era o único que conhecia.

    Muitos fragmentos mostram o caminho, inclusive: "Tinha uma forma incomum: um romance constituído a partir de vozes da própria vida, do que eu escutara na infância, do que agora se escuta na rua, em casa, no café. É isso! O círculo se fechou. Achei o que estava procurando. O que estava pressentindo".

  • 4º paragrafo

    "Não sabíamos como era o mundo sem guerra, o mundo da guerra era o único que conhecíamos, e as pessoas da guerra eram as únicas que conhecíamos. Até agora não conheço outro mundo, outras pessoas. Por acaso existiram em algum momento?"

  • Achei a resposta observando esses parágrafos:

    Não sabíamos como era o mundo sem guerra, o mundo da guerra era o único que conhecíamos, e as pessoas da guerra eram as únicas que conhecíamos. Até agora não conheço outro mundo, outras pessoas. Por acaso existiram em algum momento?

    Passei muito tempo procurando... Com que palavras seria possível transmitir o que escuto? Procurava um gênero que respondesse à forma como vejo o mundo, como se estruturam meus olhos, meus ouvidos.

    Uma vez, veio parar em minhas mãos o livro Eu venho de uma vila em chamas. Tinha uma forma incomum: um romance constituído a partir de vozes da própria vida, do que eu escutara na infância, do que agora se escuta na rua, em casa, no café. É isso! O círculo se fechou. Achei o que estava procurando. O que estava pressentindo.

  • Assertiva d

    o mundo da guerra era o único que a pessoa que o escreveu conhecia. l 6

  • Estou escrevendo um livro sobre a guerra...    Eu, que nunca gostei de ler livros de guerra, ainda que, durante minha infância e juventude, essa fosse a leitura preferida de todo mundo. De todo mundo da minha idade.

    a fato que levou a escrita desse livro foi que durante a infância e sua juventude era a leitura preferida de todo mundo possibilitando uma grande parcela na criação do livro.

    ASSERTIVA: D

  • Na prova eu fiquei com um dúvida cruel, eu cheguei a marcar o gabarito que a banca deu, mas mudeeei...Ôhhhh raaaaaiva!

    Eu peguei esse trecho: ''Passei muito tempo procurando... Com que palavras seria possível transmitir o que escuto? Procurava um gênero que respondesse à forma como vejo o mundo, como se estruturam meus olhos, meus ouvidos.'' e acabei achando que a alternativa era a B.

    b) a pessoa que o escreveu desejava contar ao mundo os horrores de uma guerra.

    Posso ter viajado na questão, na verdade, eu sempre viajo kkk. Mas esse quadro vai mudar, com fé em DEUS e com muito força de vontade. Vencerei! Pertencerei!

    alguém pensou assim tbm?

  •     Não sabíamos como era o mundo sem guerra, o mundo da guerra era o único que conhecíamos, e as pessoas da guerra eram as únicas que conhecíamos. Até agora não conheço outro mundo, outras pessoas.

    Gabarito D. O mundo da guerra era o único que a pessoa que o escreveu conhecia.

  • Gabarito D

    Complementando

    Questão de inferência/ interpretação

    dedução -> procure pistas no texto

    Interpretação de texto: consiste em saber o que se infere (conclui) do que está escrito. Os comandos de interpretação (está fora (além) do texto) são:

    - Depreende-se/ infere-se/ conclui-se do texto que...

    - O texto permite deduzir que...

    - para indicar.../ o texto indica que..

    - É possível subentender-se a partir do texto que...

    - qual a intenção do autor quando afirma que...

    - O texto possibilita o entendimento de que...

    - Com o apoio do texto, infere-se que

    - O texto encaminha o leitor para...

    - Pretende o texto mostrar ao leitor que...

    - O texto possibilita deduzir que...

    - Deduz-se do texto...

  •  Até agora não conheço outro mundo, outras pessoas. Por acaso existiram em algum momento?