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ID
5251534
Banca
VUNESP
Órgão
PM-SP
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto, para responder à questão.


    É conceito da moda. Usam em encontros motivadores. Na Física, é a volta à forma original após uma deformação. O termo se origina da capacidade de ricochetear, de saltar novamente. Por extensão, usamos para falar de quem sofre pressão e consegue manter seus objetivos.
    Uma pessoa resiliente ideal teria três camadas. Na primeira, suporta: recebe o golpe sem desabar. Ouve a crítica e não “desaba”, vive a frustração sem descontrole, experiencia a dor e continua de pé. A primeira etapa da resiliência é administrar o golpe, o revés, o erro, a decepção. O tipo ideal que estamos tratando sabe a extensão da dor, mas se considera (ou é de fato) mais forte do que as ondas das adversidades.
     O segundo estágio é a recuperação/aprendizagem. Combinam-se os dois conceitos. Sinto o golpe, não desmonto (fase um) e ainda recupero a posição anterior ao golpe com o acréscimo de algo novo. Toda dor contém sua lição. Ninguém duvida disso. O resiliente consegue aprender com o golpe sentido.
   O terceiro momento do modelo perfeito é a ressignificação da estratégia e da consciência a partir do aprendizado. O tipo aqui descrito nunca se vitimiza, mesmo se for a vítima. Não existe lamúria ou sofrimento para o mundo. A dor existe, foi sentida, houve reação com aprendizado e dele surgiu um novo ser, mais forte e mais sábio.
    É bom descrever tipos perfeitos. Quase sempre são inexistentes. São como a biografia de santos medievais: sem falha, diamantes sem jaça; modelos e, como tal, inatingíveis. Existe um propósito didático de mostrar a perfeição para nós que chafurdamos no lodo da existência banal. Todos temos graus variados de resiliência diante da vida. Ninguém é o tipo ideal. Uma coisa não invalida a outra.
    Como narrativa de santos, o modelo perfeito serve como para indicar o ponto no qual não me encontro, porém devo reagir para almejá-lo. Sempre é bom ser resiliente e todos os palestrantes e livros têm razão: sem resiliência em algum grau, épico ou homeopático, é impossível enfrentar o mundo.
    O conto extraordinário de Kafka, Um Artista da Fome, fala de um homem com extrema resiliência para aguentar jejuns prolongados. Era um herói! Ao final, emitiu a verdade surpreendente. Ele não era um homem de vontade férrea, apenas nunca havia encontrado um prato que… o seduzisse realmente. Seu paladar nunca fora tentado. Creio ser a receita geral da resiliência: a serenidade diante das coisas que, na verdade, não nos atingiram. Esperança ajuda sempre.

(Leandro Karnal. Os heróis da resiliência. Disponível em:

https://cultura.estadao.com.br. Acesso em 20.01.2021. Adaptado)

No último parágrafo, o episódio do conto de Kafka é usado pelo autor como

Alternativas
Comentários
  • Assertiva E

    ilustração bem-humorada, para expressar ponto de vista que desconstrói o tipo resiliente ideal.

     Era um herói! Ao final, emitiu a verdade surpreendente. Ele não era um homem de vontade férrea, apenas nunca havia encontrado um prato que… o seduzisse realmente. Seu paladar nunca fora tentado.(..)

  • GABARITO: E

    No último parágrafo, o episódio do conto de Kafka é usado pelo autor como ilustração bem-humorada, para expressar ponto de vista que desconstrói o tipo resiliente ideal.

    Encontramos a resposta aqui:

    "O conto extraordinário de Kafka, Um Artista da Fome, fala de um homem com extrema resiliência para aguentar jejuns prolongados. Era um herói! Ao final, emitiu a verdade surpreendente. Ele não era um homem de vontade férrea, apenas nunca havia encontrado um prato que… o seduzisse realmente."

    .

    → Tinha-se a ideia de que o homem era resiliente por aguentar jejuns prolongados, mas ao final se descobre que ele só ficava em jejum pois nunca se sentiu seduzido por nenhum prato.

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos! :)

  • Imaginei Karnal lendo esse parágrafo e rindo quando diz:

    Ele não era um homem de vontade férrea, apenas nunca havia encontrado um prato que… o seduzisse realmente

  • Nao entendi foi P.N.Como assim letra E. Os examinadores tem prazer em te reprovar

  • Não concordo com a banca. Questionar o subjetivo é complicado.

  • Mesmo Eu não Achando Bem-humorada, A Letra E é a Única que Falar a respeito do ultimo paragrafo de maneira correta!

  • Mar mooooço véi!!

    Num vi nada de humorado nisso.

    Impor que o trecho é humorístico é sacanagem.

  • examinador foi pnc nessa hein

  • O indiano que jejuava por longos períodos era tido como um herói, um homem de vontade férrea. No contexto lido, a visão a ele associada estava ligada ao modelo ideal de ser resiliente.

    No entanto, essa visão é desfeita com sua resposta surpreendente, que guarda um tom de humor: ele não era um ser extremamente resiliente a ponto de jejuar por longos períodos; era sim um homem que, nas palavras dele, nunca havia sido tentado por um prato.

    O autor do texto define nos parágrafos anteriores um modelo ideal de resiliência e constata que esse padrão não existe na íntegra no cotidiano. Com o episódio do conto de Kafka, ele desfaz essa descrição ideal de resiliência e apresenta algo mais concreto: resiliência é a serenidade diante das coisas que, na verdade, não foram capazes de nos atingir.

  • Provavelmente vc vá ficar entra A/C/E

    A = Ele nunca fora tentado por um prato, logo, não se abateu diante da fome.

    C = Ele não foi submetido a nenhuma tentação

    E = Eu tbm não achei nada bem-humorado mas realmente é a única que se encaixa, esta descontruindo o resiliente.

    GAB E.

  • Não vi nada de bem humorado nisso, talvez meu senso de humor não esteja dentro dos padrões humorísticos. Hahaha que engraçado !! :(