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ID
5302357
Banca
COMPERVE
Órgão
UFRN
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Para responder à questão desta prova, considere o texto abaixo.

Das vezes em que fomos embora
Ana Clara Dantas
Fui embora poucas vezes na vida. A mais dramática foi mesmo quando saí de casa. Não houve briga ou desentendimento. Eu apenas senti que não cabia mais numa cidade pequena. Vim de Caicó para Natal, onde ainda estou e não tenho vontade de sair. Geograficamente falando, minha maior partida. Pessoalmente, o encontro com o meu lugar no mundo.
Hoje estou mais sujeita a partidas alheias. Amigos que vão pro Rio, São Paulo, Santa Catarina, Japão. E, a cada ida, a cidade fica maior, pois o que é físico torna-se coisa de poeta: saudade. E, pra quem não sabe versar sobre ela, resta uma lágrima envergonhada.
Penso que ir embora é ter certeza de que pessoas, sentimentos e até objetos ocupam espaço. Porque até você sair de vez, seja de onde for, tudo é banal. Um almoço com os pais, uma saída com os amigos e a saudade besta do que se tem ao alcance. Depois, é saber que nada disso cabe na mala ou num feriadão.
Sorte que a gente se espalha e a vida cuida de preencher os espaços. Já nem sei o quanto de vida cabe em um dia, em um mês, e neste ano que tanto nos tirou. Nos arrancou convívio, saúde, dinheiro, sossego, gente. E nos devolveu tudo em espanto a cada reencontro encabulado. Vejo o que o tempo fez em cada um desde que fomos embora, saímos, deixamos alguém. Estamos mesmo correndo.
Meio quilo de palavras ditas aos que me fazem tanta falta é tudo o que preciso. Quem dera elas viessem assim, no peso. Ou sob encomenda. Talvez até por aplicativo. No entanto, as palavras fogem. Pior, se amontoam e nada falam a ninguém, apesar do barulho. Limito-me a dizer, então, que tenho saudades imensas.
E saudades precisam ser ditas. Mais, precisam ser ouvidas. E isso há de caber até na bagagem de mão.

Disponível em: https://www.saibamais.jor.br/das-vezes-em-que-fomos-embora/. Acesso em: 3 mar. 2021. [Adaptado] 

O texto faz uso de uma linguagem tendente à

Alternativas
Comentários
  • Gabarito - C.

    Formalidade, mas com traços de informalidade (Amigos que vão pro Rio, pra quem não sabe), em consonância com o gênero discursivo.

  • Não concordo com o gabarito, o texto traz várias passagens em sentido figurado (conotativo).

    ''resta uma lágrima envergonhada, Sorte que a gente se espalha e a vida cuida de preencher os espaços,  Já nem sei o quanto de vida cabe em um dia, em um mês,  e neste ano que tanto nos tirou. Nos arrancou convívio, saúde, dinheiro, sossego, gente. E nos devolveu tudo em espanto, Meio quilo de palavras ditas, Quem dera elas viessem assim, no peso. Ou sob encomenda. Talvez até por aplicativo. No entanto, as palavras fogem. Pior, se amontoam e nada falam a ninguém, E saudades precisam ser ditas. Mais, precisam ser ouvidas. E isso há de caber até na bagagem de mão.''

    Agora me digam se não há uma linguagem tendente à conotação.

  • Concordo plenamente Rafael Tizo!

  • Acho que uma alternativa que seria mais adequada:

    • formalidade, mas com traços conotativos, em consonância com o gênero discursivo.

    Pois o texto traz um gênero discursivo, predominantemente formal, com alguns traços figurados (conotativo).

    Mas como não há essa alternativa, a menos errada é a alternativa C.

  • A linguagem está formal, mas com traços (pequenos trechos) informais, em consonância com o gênero apresentado.

    Ou seja, não se predomina a linguagem conotativa no mesmo.

  • Os gêneros do discurso, textos formais, textos informais, textos verbais, textos não-verbais, texto visual, textos didáticos, poema, texto literário, textos de diferentes ramos do conhecimento. ... E que cada esfera destas produz seus repertórios de discursos relativamente estáveis (os gêneros do discurso).

  • nao concordo com o gabarito tb, vejo mto sentido figurado

  • denotação e apenas com traços de informalidade, em dissonância com a sequência textual.

    acho que o erro da assertiva A deve estar no apenas