Questão 5318971

• Banca: VUNESP
• Órgão: Prefeitura de Sorocaba - SP
• Ano: 2020
• Provas: VUNESP - 2020 - Prefeitura de Sorocaba - SP - Secretário de Escola
• Disciplina: Português
• Assuntos: Interpretação de Textos; Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O livro didático como professor

    A ideia de substituir os livros didáticos escolares por material retirado diretamente da internet suscitou reações variadas. Editores de livros escolares e livrarias veem no projeto uma ameaça mortal para uma indústria que dá trabalho a milhares de pessoas. Por mais solidário que me sinta em relação a editores e livrarias, é possível dizer que, pelas mesmas razões, muitas outras classes de trabalhadores poderiam protestar. Se a história avançar inelutavelmente nessa direção, esta força de trabalho teria de reciclar-se de alguma forma.

    Outra objeção é que a iniciativa prevê um computador para cada aluno e é duvidoso que o Estado possa arcar com essa despesa, e, se os pais tivessem que arcar com ela, gastariam mais do que gastam com livros didáticos. Por outro lado, se cada turma tivesse somente um computador para todos, cairia o aspecto de pesquisa pessoal que poderia constituir o fascínio dessa solução.

    Mas o problema é outro. É que a internet não se destina a substituir os livros, mas é apenas um formidável complemento a eles e um incentivo para ler mais. O livro continua a ser o instrumento príncipe da transmissão e disponibilidade do saber e os textos escolares representam a primeira e insubstituível ocasião de educar as crianças ao uso do livro. Além disso, a internet oferece um repertório fantástico de informações, mas não os meios para selecioná-las, e a educação não consiste apenas em transmitir informações, mas também em ensinar critérios de seleção.

    Esta é a função do professor, mas é também a função do texto escolar, que oferece exatamente um exemplo de seleção realizada no grande mar de toda informação possível. Se as crianças não aprendem isso, ou seja, que cultura não é acúmulo, mas seleção e discriminação, não há educação, apenas desordem mental.

(Humberto Eco. Pape Satàn Aleppe: crônicas de uma sociedade líquida.

Rio de Janeiro: Record, 2017. Adaptado)

Conforme a opinião do autor do texto,

• A. a qualificação dos professores para o uso de outras opções ao livro didático é fundamental para despertar o interesse das crianças pela leitura.
• B. a disponibilidade quase infinita de conteúdos que podem ser facilmente copiados inviabiliza o uso da internet como ferramenta de ensino escolar.
• C. para a educação, mais importante do que a disponibilização é a seleção de informações, o que assegura a relevância do papel do professor.
• D. a preferência dos professores pelos livros didáticos cria empecilhos para a adoção de outras ferramentas que poderiam potencializar o ensino.
• E. a ausência, nos livros didáticos, de textos que despertem interesse tem concorrido decisivamente para a adoção da internet pelas escolas.

Gabarito: C

Comentários

• Assertiva C

  para a educação, mais importante do que a disponibilização é a seleção de informações, o que assegura a relevância do papel do professor L 11 : L 13

• GABARITO: C

  "Conforme a opinião do autor do texto, para a educação, mais importante do que a disponibilização é a seleção de informações, o que assegura a relevância do papel do professor."

  ➥ É justamente isso que diz o autor, ao final do texto: Para ele, devemos selecionar as informações, em vez de apenas absorvê-las. Veja:

  "(...) Além disso, a internet oferece um repertório fantástico de informações, mas não os meios para selecioná-las, e a educação não consiste apenas em transmitir informações, mas também em ensinar critérios de seleção.

      Esta é a função do professor, mas é também a função do texto escolar (...)".

  Espero ter ajudado.

  Bons estudos! :)

• Para além do texto, Umberto Eco sempre foi crítico ao excesso de informação disponibilizada pela internet. Para o escritor italiano, ter filtros é uma manifestação de inteligência. Assim, para o indivíduo não se perder nesse mar de informações, antes é imprescindível uma formação nos moldes tradicionais. Nessa seara, uma das manifestações do excesso de informação pode ser a paralisia por análise (falta de ação e análise excessiva) ou a concorrência cognitiva (não conseguir estudar por conta das notificações das redes sociais é um exemplo).