Questão 5326006

• Banca: IADES
• Órgão: Instituto Rio Branco
• Ano: 2021
• Provas: IADES - 2021 - Instituto Rio Branco - Diplomata - Tarde
• Disciplina: Conhecimentos Gerais
• Assuntos: Conhecimentos Gerais Sobre Arte e Cultura

    E há muito a fazer ali. É preciso aumentar o pessoal, dar-lhe melhor remuneração, ter pelo menos um consultor jurídico e bons diretores de seção, como tínhamos antigamente (Carvalho de Morais, Lagos, Peçanha, Carneiro Leão e outros), organizar um gabinete do ministro, restabelecer a Seção do Arquivo, dando-lhe o desenvolvimento necessário, porque esse é o arsenal em que o ministro e os empregados inteligentes e habilitados encontrarão as armas de discussão e combate. É preciso criar uma Biblioteca e uma Seção Geográfica na Direção do Arquivo, como na França, na Alemanha, na Inglaterra e nos Estados Unidos.

CARTA do Barão do Rio Branco ao senador Frederico de Abranches, de agosto de 1902. Apud: ARAÚJO, Jorge A. G. (org) Introdução às obras do Barão do Rio Branco. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2012.

Considerando o texto apresentado, acerca do pensamento político do Barão do Rio Branco, julgue (C ou E) o item a seguir.

Em textos como Efemérides Brasileiras, Biografias e Esboço da História do Brasil, nota-se a predileção do Barão do Rio Branco por tendências historiográficas então em voga na Alemanha e na Grã-Bretanha, que sobrevalorizavam narrativas político-militares a modelos explicativos socioeconômicos.

• C. Certo
• E. Errado

Gabarito: C

Comentários

• As questões das provas para a entrada no Instituto Rio Branco têm, na maioria das vezes, relação com a história das relações internacionais e questões internacionais de ontem e hoje, no Brasil e no mundo.
  
  
  Daí a necessidade de atentar para uma bibliografia específica, como “Relações Internacionais do Brasil", em dois volumes, de Henrique Altemani de Oliveira e Antônio Carlos Lessa. Ou ainda “História das Relações Internacionais do Brasil" , de Francisco Doratioto e Carlos Eduardo Vidigal. Especificamente sobre o Barão do Rio Branco há “O Barão do Rio Branco - vida pública e privada: O herói e diplomata que redesenhou as fronteiras do Brasil" entre outras obras como “Juca Paranhos" de Luís Cláudio Villafañe 
  
  
  Sendo um dos mais importantes , respeitados e influentes políticos do Segundo Reinado, José Maria da Silva Paranhos, o Barão do Rio Branco, fazia parte do grupo conhecido como “ saquaremas" ou conservadores. Eram eles defensores da centralização administrativa e da construção de um Estado forte capaz de garantir a Ordem ou seja, os interesses dos proprietários de bens , comércios e terras. 
  
  
  César Barrios , autor de “A Missão Paranhos ao Prata (1864-1865): diplomacia e política na eclosão da Guerra do Paraguai", entende a orientação do barão, enquanto saquarema , assentada sobre as bases realistas inspiradas em Hobbes e Maquiavel, em busca de poder e segurança. Tal projeto de política externa foi preponderante nas décadas de 1850 e 1860, o que justifica a interferência do Brasil nas questões platinas, uma vez que a região era considerada fundamental ao poder  e segurança do Brasil na América do Sul.
  
  
  Partindo então deste paradigma, é possível perceber que a afirmativa apresentada na questão está correta. Em busca de segurança e poder é mister privilegiar os recursos de poder vinculados à defesa e conquistas : recursos de poder de caráter militar. Assim sendo justifica-se a “ predileção do Barão do Rio Branco por tendências historiográficas [....] que sobrevalorizavam narrativas político-militares a modelos explicativos socioeconômicos." 
  
  
  Gabarito do Professor: CERTO

• Cuidado que o gabarito comentando mistura Barão e Visconde do Rio Branco.

• Certo.

  Como o Barão do Rio Branco havia passado vários anos em Berlim e Liverpool, convivendo com tendências imperialistas e armamentistas, observa-se que ele tinha uma preferência por historiografias que valorizavam narrativas político-militares a modelos explicativos socioeconômicos.