- ID
- 5361559
- Banca
- VUNESP
- Órgão
- Prefeitura de Ilhabela - SP
- Ano
- 2020
- Provas
-
- VUNESP - 2020 - Prefeitura de Ilhabela - SP - Analista - Administração de Empresas - Gestão Pública
- VUNESP - 2020 - Prefeitura de Ilhabela - SP - Analista - Administração Pública - Gestão Pública
- VUNESP - 2020 - Prefeitura de Ilhabela - SP - Analista - Arquivologia - Documental
- VUNESP - 2020 - Prefeitura de Ilhabela - SP - Analista - Biblioteconomia - Documental
- VUNESP - 2020 - Prefeitura de Ilhabela - SP - Analista - Ciências Sociais - Gestão Pública
- VUNESP - 2020 - Prefeitura de Ilhabela - SP - Analista - Direito - Gestão Pública
- VUNESP - 2020 - Prefeitura de Ilhabela - SP - Analista - Economia - Gestão Pública
- VUNESP - 2020 - Prefeitura de Ilhabela - SP - Analista - Estatística - Gestão Pública
- VUNESP - 2020 - Prefeitura de Ilhabela - SP - Analista - Gestão de Políticas Públicas - Gestão Pública
- VUNESP - 2020 - Prefeitura de Ilhabela - SP - Analista - Jornalismo - Comunicação
- VUNESP - 2020 - Prefeitura de Ilhabela - SP - Analista - Publicidade e Propaganda - Co
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Leia o texto de Ruy Castro para responder à questão.
Beijos proibidos
Manier Sael, um imigrante haitiano em São Paulo, por
meio de tocante entrevista ao jornal, contou que, ao chegar
ao Brasil, e ao começar a namorar a brasileira que se tornaria
sua mulher e mãe de sua filha, disse-lhe que tinha um desejo: beijá-la em público, na rua. “No Haiti, isso não existe”, ele
explicou. “É uma coisa que eu nunca tinha visto na vida real,
só na televisão. Ela falou que tudo bem. Como eu me senti
nessa hora [ao beijá-la]? Me senti brasileiro”.
É interessante como, às vezes, precisamos de que alguém de fora venha nos revelar quem somos ou como somos. Haverá coisa mais corriqueira no Brasil do que beijar
em público? Pelo menos, é o que pensamos e – considerando quantas vezes fizemos isso sem o menor problema –
será preciso um exercício intelectual para nos lembrar de que
pode ter havido exceções à regra.
Duas cidades do interior de São Paulo já tiveram juízes
que proibiram beijos em praça pública. E isso não foi no século 19, mas nos anos loucos de 1980 e 1981. Até a proibição ser revogada por ridícula, vários casais foram parar na
cadeia.
Um dos restaurantes mais antigos do Rio, a Adega Flor
de Coimbra, até hoje ostenta na parede um quadro dos velhos tempos: “Proibido beijos ousados”. O quadro continua lá
pelo folclore, claro – mesmo porque, tendo pedido sua farta e
deliciosa feijoada à Souza Pinto, quem pensará em dar
beijos, mesmo ousados?
E uma querida senhora que conheci, ao ver um casal se
beijando na novela da TV, deu um profundo suspiro e, do
alto de seus 90 anos, exclamou, talvez sem se dar conta de
que todos na sala podiam escutá-la: “Eu nunca fui beijada!”.
Ali, naquele momento, todos nos conscientizamos da nossa
tremenda fragilidade.
(www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycastro/2019/10/beijos-proibidos.shtml
Publicado em 28.10.2019. Adaptado)
Leia o texto de Luis Fernando Verissimo para responder à questão.
2020
E lá fomos nós para o ano vinte-vinte, na esperança de
que a repetição dos números significasse alguma coisa...
Vivemos sempre com a expectativa que uma anomalia ou
qualquer ruptura com o normal – como um ano com números
reincidentes – seja um sinal. E há pessoas que procuram nos
astros esse sinal de que algo guia seus passos e orienta sua
vida.
Quando comecei a trabalhar na imprensa, há 200 anos,
fazia de tudo na redação, depois de passar o dia no meu
outro emprego de redator de publicidade. Um dia me pediram
para fazer o horóscopo, já que o astrólogo profissional insistia
em ganhar um aumento, uma reivindicação irrealista, dadas
as condições do jornal. Como eu já fazia de tudo na redação,
comecei a fazer o horóscopo também. Todos os dias inventava o destino das pessoas e distribuía as previsões e os
conselhos pelos 12 signos do zodíaco.
O horóscopo era a última coisa que eu fazia no jornal antes de ir me encontrar com a Lucia e, se tivéssemos sorte, ir a
um cinema, de modo que meu horóscopo era sempre feito às
pressas, e com a escassa energia que sobrava depois de um
dia fazendo de tudo. E então bolei uma solução genial para
liquidar o horóscopo em pouco tempo e ir embora. Como era
óbvio que as pessoas só querem saber o texto do seu próprio
signo, comecei a fazer um rodízio: mudava os textos de signo
e de lugar. O que um dia era o texto para libra no dia seguinte
era para sagitário, etc. Ninguém iria notar a trapaça sideral,
os deuses me perdoariam.
Não demorou para que o editor do jornal me chamasse. Tinha muita gente reclamando do horóscopo. O que eu
pensava que era óbvio não era. Minha pseudoesperteza
tinha sido descoberta, aparentemente todo o mundo lê todo
o horóscopo todos os dias. Minha breve carreira de astrólogo
terminou ali. Mas eu só queria dizer que, mesmo quando era
eu que escrevia os textos, nunca deixava de ler o que libra
reservava para meu futuro. Fazer o quê? Precisamos de uma
direção na vida, venha ela de onde vier.
(O Estado de São Paulo, 05.01.2020. Adaptado)
Uma semelhança entre os dois textos da prova, 2020 e
Beijos proibidos, está no fato de os autores