- ID
- 5364331
- Banca
- IDIB
- Órgão
- Ministério da Economia
- Ano
- 2021
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Leia o TEXTO, que narra o diálogo entre Dante e Virgílio, e responda à questão.
TEXTO
Divina Comédia - Canto III
Dante Alighieri
POR MIM SE VAI À CIDADE DOLENTE,
POR MIM SE VAI À ETERNA DOR,
POR MIM SE VAI À PERDIDA GENTE.
JUSTIÇA MOVEU O MEU ALTO CRIADOR,
QUE ME FEZ COM O DIVINO PODER,
O SABER SUPREMO E O PRIMEIRO AMOR.
ANTES DE MIM COISA ALGUMA FOI CRIADA
EXCETO COISAS ETERNAS, E ETERNA EU DURO.
DEIXAI TODA ESPERANÇA, VÓS QUE ENTRAIS!
Estas palavras estavam inscritas em tom escuro no alto de um portal. Eu, assustado, confidenciei ao meu guia:
- Mestre, estas palavras são muito duras.
- Não tenhas medo, respondeu Virgílio, experiente, mas não sejas fraco. Aqui chegamos ao lugar, do qual antes te falei, onde encontraríamos as almas sofredoras que já perderam seu poder de arbítrio. Não temas, pois tu não és uma delas, tu ainda vives.
Em seguida, Virgílio segurou minha mão, sorriu para me dar confiança, e me guiou na direção daquele sinistro portal.
Logo que entrei ouvi gritos terríveis, suspiros e prantos que ecoavam pela escuridão sem estrelas. Os lamentos eram tão intensos que não me contive e chorei. Gritos de mágoa, brigas, queixas iradas em diversas línguas formavam um tumulto que tinha o som de uma ventania. Eu, com a cabeça já tomada de horror, perguntei:
- Mestre, quem são essas pessoas que sofrem tanto?
- Este é o destino daquelas almas que não procuraram fazer o bem divino, mas também não buscaram fazer o mal. - me respondeu o mestre. - Se misturam com aquele coro de anjos que não foram nem fiéis nem infiéis ao seu Deus. Tanto o céu quanto o inferno os rejeitam.
- Mestre - continuei -, a que pena tão terrível estão esses coitados submetidos para que lamentem tanto?
- Te direi em poucas palavras. Estes espíritos não têm esperança de morte nem de salvação. O mundo não se lembrará deles, a misericórdia e a justiça os ignoram. Deixe-os. Só olha, e passa.
[...]
Chegava um barco dirigido por um velho pálido, branco e de pêlos antigos. Ele gritava:
- Almas ruins, vim vos buscar para o castigo eterno! Abandonai toda a esperança de ver o céu outra vez, pois vou levar-vos às trevas eternas, ao fogo e ao gelo!
Quando ele me viu, gritou:
- E tu, alma vivente, te afasta desse meio pois aqui só vem morto! - Vendo que eu não me mexia, mais calmo, falou - Tu deves seguir para outro porto, onde um outro barco, maior, te dará transporte.
- Caronte, te irritas em vão! - intercedeu o mestre - Lá, onde se pode o que se quer, isto se quer, e não peças mais nada!
[...]
A Divina Comédia. Tradução: Helder da Rocha. (adaptado).
(Disponível em: https://www.stelle.com.br/pt/inferno/inferno.html)
De acordo com o TEXTO, é correto afirmar que