- ID
- 5366053
- Banca
- Instituto Consulplan
- Órgão
- Prefeitura de Pitangueiras - SP
- Ano
- 2019
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
A era da desinformação
Não podemos negar que a internet tornou-se um dos
principais meios para a disseminação de informações. Em
2018, a rede cruzou a marca de 4 bilhões de usuários. Mais
da metade da população mundial está conectada a ela. Este
ano, o consumo diário de mídia online passará o de TV. A
tendência é que a diferença se acentue nos próximos anos.
Graças às redes sociais e as plataformas de
comunicação instantânea, a distância entre as pessoas
diminui drasticamente. Já a velocidade de disseminação de
informação aumentou de maneira brutal. Quando uma
informação – um meme, ou uma notícia – cai na malha, ela
é rapidamente replicada e enviada a outros pontos da rede.
Quantas vezes não recebemos a mesma mensagem em
diferentes grupos de Whastsapp ou vemos aquela notícia
repetidas vezes no Twitter e no Facebook?
Mas não é só a escala e a velocidade da internet que
são fatos novos. Ao contrário de seus predecessores – TV e
rádio –, a internet está ao alcance de todos. Qualquer
pessoa pode usá-la para disseminar suas ideias a milhões.
Por outro lado, foi possível dar voz a milhares de pessoas
que não eram representadas e que agora têm como lutar
por seus direitos. Do outro, colocamos um canhão nas mãos
dos que usam a desinformação como ferramenta.
Em 2016, na campanha para a eleição presidencial dos
EUA, vimos o surgimento do termo “fake news”. Notícias
bem elaboradas, com cara de autênticas, mas que não eram
verídicas e foram desenhadas para propagar determinada
linha de pensamento. Elas sempre existiram, mas nunca
alavancadas com uma plataforma como a internet. Com
elas, o arsenal de guerra na era da informação ganhou uma
arma de alto calibre.
Agora, com a popularização da inteligência artificial, as
“fake news” estão passando por um processo bem
perigoso. Uma das maneiras de combater as notícias falsas
era a de trazer ao público evidências claras da manipulação,
como imagens, vídeos e áudios que pudessem tirar
qualquer dúvida. Porém, ferramentas de síntese
computacional estão dando origem ao que chamamos de
“deep fakes”, deixando as “fake news” ainda mais robustas.
Como os “deep fakes”, é possível, a partir de imagens e
vídeos reais, gerar novas imagens e vídeos que colocam as
pessoas do material original fazendo coisas que não
acorreram – a troca do rosto de uma pessoa por outra, a
criação de uma fala completamente fictícia e até a de rostos
realistas, mas de pessoas que não existem.
Esse tipo de manipulação já acontecia. As técnicas,
porém, custavam caro, levavam tempo para serem
produzidas e a qualidade final não era tão boa. Agora, tudo
é feito de maneira cada vez mais automática. Todos sabem
que já passou da hora de não acreditar em tudo que se lê e
recebe pela internet. Agora é bom deixar de lado o “só
acredito vendo”.
(Por Manuel Lemos – O Estado de São Paulo. Disponível em:
https://link.estadao.com.br/noticias/geral,a-era-da-
desinformacao,70002915133.
Acesso em: 10/06/2019.)
O texto, de natureza argumentativa, foi publicado na
coluna “Link” do jornal eletrônico O Estado de São Paulo.
Pode-se concluir, com base na sua finalidade comunicativa,
que esse texto é um representante do gênero: