Instrução: Leia o texto abaixo de Walcyr Carrasco, Revista Veja Ed. 2668, e responda à questão.
Início de ano é sempre assim: a gente faz promessas, ambiciona novidades. Como o ano só começa
realmente depois do Carnaval, costumo aguardar até lá. Mas aí já é tarde: o ano ganhou seu ritmo e eu deixo
as mudanças para o futuro. Em 2019 pensei no que realmente desejaria para este 2020. Há uma palavra que
não me sai da cabeça: segurança. É claro que o país tem problemas de todo tipo. Mas a segurança toca no
meu cotidiano diretamente. [...] Eu me admiro ver as pessoas convivendo com a violência como se fosse
absolutamente normal. Uma amiga sai sempre com dois celulares. Um velho e um bom, escondido. O mais
antigo é para, no caso de assalto, entregar ao ladrão. Já ouvi um conhecido dizer que o “meliante” foi legal,
pois o deixou ficar com os documentos. Ou seja: o sujeito assalta, ameaça, mas é “legal”? Recentemente, um
amigo fez aniversário. Tínhamos um evento, mas queríamos nos reunir depois das dez da noite. Foi difícil
achar um restaurante: a maioria está fechando mais cedo. Em São Paulo, no centro, as mulheres andam
agarradas às bolsas. O pior, porém, repito, é nossa atitude passiva. Nós nos acostumamos ao absurdo. [...].
Há alguns anos, eu saía do Leblon e andava até o Arpoador pela praia. É uma boa e saudável
distância. Não tenho mais coragem. Quero voltar a andar pelo calçadão sem medo. Se caminhar, realizarei
meu segundo desejo de Ano Novo: perder a barriga. Mas quando? A falta de segurança mudou a minha vida.
Sem dúvida, continuarei barrigudo.
Assinale o trecho que NÃO corrobora a opinião do autor expressa em Eu me admiro ver as pessoas
convivendo com a violência como se fosse absolutamente normal.