- ID
- 5432503
- Banca
- ADM&TEC
- Órgão
- Prefeitura de Água Branca - AL
- Ano
- 2020
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
INSTAGRAM
Por Carol Sandler
Publicado em 10 de dezembro de 2019
Imagine um mundo em que você seria remunerado para navegar
no seu feed do Instagram ou fazer uma pesquisa no Google.
Parece delírio, não? Mas existe fundamento para esta visão – e
ela poderia ser a chave para criar a polêmica renda básica universal.
O conceito se chama “individual data ownership”, ou privacidade
individual de dados e eu o conheci no TEDWomen de 2019,
realizado na Califórnia. O evento é uma mostra de todo o talento
e criatividade das mulheres.
Em sua palestra, a especialista em inteligência artificial Jennifer
Zhu Scott trouxe a importância dos dados que produzimos
diariamente.
Ao desbloquear o seu smartphone, você já começa a produzir
dados. As músicas que você escuta, as séries que assiste, os
passos que dá, os lugares que frequenta… tudo vira bits para a
coleção das informações que gigantes da tecnologia têm sobre
nós.
Duvida? Então veja todas as informações que o Google tem
sobre você. Existe uma função que nos permite ver todos os
dados que a gigante dos buscadores tem armazenadas sobre
cada um de nós.
Esses dados valem bilhões – que o diga o Facebook, por
exemplo, que faturou US$ 17 bilhões no terceiro trimestre de
2019. A rede social utiliza as informações que postamos para
vender anúncios personalizados.
Mas apesar de produzirmos estes dados todos, não somos
remunerados por eles. E existe um movimento que deseja rever
isto.
Scott, que também é investidora em startups, criou um
movimento para que nós sejamos recompensados pelos dados
que geramos diariamente. “Trata-se de um novo modelo
econômico, que empodera não apenas as empresas, mas
também os indivíduos”, disse ela no palco do TEDWomen.
Já existem iniciativas deste gênero em funcionamento. A
Delphia, uma fintech canadense, permite que pessoas invistam
na bolsa de valores usando apenas os seus dados como
“dinheiro”.
Os usuários conectam as suas informações pessoais ao sistema
e respondem a questionários diários sobre seu comportamento
para a empresa analisar – em troca, recebem comissões e
podem usar estes recursos para investir em ações.
Na China, milhões de empreendedores oferecem suas
informações pessoais para conseguir acesso a uma linha de
microcrédito como a Dumiao.
Existem apps que permitem a doação de dados para ajudar
pesquisas médicas e científicas. Outros para remunerar usuários
que assistem a anúncios com o acesso a paywalls de portais de
notícias. Nos EUA, já existem marketplaces que garantem a
venda segura dos dados individuais, como o Wibson.
Então surge a pergunta inevitável: quanto valem as nossas
informações pessoais?
Muita gente pode se sentir desconfortável com a noção de
vender seus dados. No entanto, damos essas informações de
graça para empresas bilionárias.
Zhu Scott estima que cada um de nós produz algo entre US$ 1
mil e US$ 2 mil anualmente em dados e informações pessoais –
e, se fôssemos remunerados, poderíamos resolver a questão da
renda básica universal.
Essa ideia polêmica vem sendo implementada e discutida em
diversos países europeus, ainda sem consenso. A privacidade
individual de dados poderia ser a resposta.
Depois de assistir à fala de Zhu Scott, ficou claro como boa parte
do debate global sobre privacidade é, no fundo, uma questão
econômica que interessa a todos que acessam a internet.
Está na hora de acompanharmos o debate e ficarmos de olho
nas soluções que devem surgir. Nosso bolso agradece.
Adaptado. Fonte: http://bit.ly/2S2fshT.
Com base no texto 'INSTAGRAM', leia as afirmativas a seguir:
I. De acordo com o texto, ao desbloquear o smartphone, o indivíduo
já começa a produzir dados. As músicas que o usuário escuta, as
séries a que assiste, os passos que dá, os lugares que frequenta
são informações acumuladas pelas gigantes da tecnologia sobre
nós.
II. O texto permite deduzir que a ideia polêmica de remunerar os
usuários por fornecer os seus dados vem sendo implementada e
discutida em diversos países europeus, ainda sem consenso.
III. Depreende-se do texto que existe uma função que permite ver
todos os dados que o Google tem armazenado sobre cada usuário.
Essa função, de acordo com o texto, representa uma violação dos
direitos individuais e das garantias de privacidade que esse gigante
da Internet afirma defender. No entanto, apesar das graves
violações cometidas diariamente pelas redes sociais, essas
empresas continuam a faturar bilhões todos os dias com
publicidade digital sem sofrer qualquer fiscalização do governo, de
acordo com a autora.
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