SóProvas


ID
5434279
Banca
Instituto Consulplan
Órgão
Prefeitura de Colômbia - SP
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto para responder à questão.

Carta aberta a Lourenço Diaféria* 


Dom Lourenço:

    Sou um assíduo leitor. Leio tudo e continuamente. No banheiro, no ônibus, no quintal, na calçada; de madrugada, tarde, noite; livros, livretos, folhetins, revistas, cartazes, pichações, jornais, jornalecos, folhas soltas, propagandas, guias telefônicos, bulas, portas de banheiro e até uma ou outra palma da mão.

Sou um leitor. 

    Sou um leitor por imagem refletida, como num espelho ou numa montanha de ecos, pois o que eu queria mesmo era ser escritor. Vã esperança. Louco sonho. Não fui ou não aconteci, como se diz agora. Daí virei leitor; não virei, nasci leitor... Mas, desgraça minha – ou sorte –, não sou um leitor técnico, erudito, de análise. Não, não consigo sequer desvendar normas gramaticais, estilos, influências... Dir-se- -ia leitor cru? E como não bastasse: gringo, estrangeiro, Tupac-Amaru. Sou apenas um glutão de imagens, sentimentos, emoções e vibrações. Sou um leitor de nó na garganta e lágrimas fáceis. Sinto nas palavras, por outros escritas, aquilo tudo que está dentro de mim, que queria expressar e não consigo; que sinto e não sei transmitir.

    Ah! Dom Lourenço... É a mesma coisa que ter um balão dentro da gente que vai enchendo de emoções, emoções, emoções, pronto a explodir, e, quando acontece, estoura o peito e espalha aquelas palavras todas – imagens e sentimentos – salpicando todos em volta, pintando-os todos multicolores, floridos, irmanando-os, tornando os homens mais humanos, mais compreensivos, mais amigos, mais altos, mais nobres e mais puros. 

    Sou um leitor. E como tal tenho um aferido e aguçado “sentimentômetro” de revoluções mil, de pique e médias, de luzes amarelas, verdes e vermelhas. E meu particular aparelho de medir sentimentos há muito não acusava pressão máxima. Há muito eu não sentia a faixa vermelha, o assobio estridente, a pulsação acelerada, o lacre de segurança quebrado, que anuncia próxima e inadiável explosão. Mas ao ler Morte sem colete o aparelho funcionou e senti em mim a caldeira de pressão, o rio sem barragem, a sombra fresca, cântaro na fonte, grito de liberdade, toque de recolher, queda e consciência... 

    Gracias, muchas gracias, por nos tornarmos irmãos no sentir e transmitir.

    *Lourenço Carlos Diaféria foi um contista, cronista e jornalista brasileiro.

(MEYER, Luís Aberto. In: Magistrando a Língua Portuguesa: literatura brasileira, redação, gramática, metodologia do ensino e literatura infantil. Rose Sordi. São Paulo: Moderna, 1991.)


Tendo em vista as variedades linguísticas e a linguagem como instrumento de comunicação, assinale a afirmativa correta.

Alternativas
Comentários
  • Para os não assinantes letra A)

  • O texto é predominantemente formal e se percebe isso em todos os trechos do texto, questão de interpretação de texto mesmo !!!! Avante só não passa quem desiste.

  • Para quem está começando a estudar agora para alguma prova da Consulplan: eles adoram essa coisa de "o texto está escrito em linguagem formal/informal".

    Fiquem ligados nisso e leiam os comentários do pessoal quando não tiverem certeza de qual linguagem se trata.

    No mais, a carta aberta é muito semelhante a uma carta comum, possui remetente e destinatário, data, local e assinatura, bem como uma mensagem direta, direcionada objetivamente do autor para o leitor. Entretanto, esse gênero é produzido em contextos e com funções diferentes, voltando-se primordialmente para uma função social.

    O advetivo “aberta” serve para marcar seu caráter público, pois ela é utilizada para se posicionar, questionar ou solicitar algo a alguma pessoa ou instituição que possua visibilidade e reconhecimento social. Assim, com esse gênero, pode-se exercer funções cidadãs, por meio da publicização do seu posicionamento crítico, solicitação e sugestão de medidas políticas.

    Diferente da carta pessoal, a carta aberta é necessariamente pública, ou seja, é divulgada em meios de comunicação, no intuito de compartilhar a mensagem e posicionamento exposto no texto. Desse modo, além do destinatário específico, a carta aberta também se dirige a um grande público, pretendendo, com isso, participar discursivamente de questões sociais.

    Além dessas características, o gênero carta aberta também é marcado pelo seu caráter argumentativo, pois, diante da discussão de temáticas sociais e apresentação de solicitações, é necessário fundamentar seu pedido e fortalecer seu ponto de vista e sugestões apresentadas, baseando-se em argumentos sólidos.

    Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/carta-aberta.htm

  • Os únicos limites da sua mente são aqueles que você acreditar ter!

  • Gabarito: A

    Dissertação Argumentativa:

    • Defesa de tese de um argumento, postura ideológica, posicionamento argumentativo.
    • Busca convencer o leitor a respeito de determinado ponto de vista.
    • Argumentos sustentados por evidências de provas (fatos, exemplos, ilustrações, dados estatísticos, testemunho)
    • 3ª pessoa (impessoal - ele) ou 1ª pessoa do plural (nós).

    Em suma, argumentar é convencer ou tentar convencer mediante a apresentação de razões, em face da evidência de provas e à luz de um raciocínio coerente e consistente.

    Dissertação Expositiva:

    • O autor do texto expõe/apresenta ideias, fatos, fenômenos.
    • Não se busca convencer o leitor em relação ao ponto de vista - pressupõe-se, assim, que a dissertação expositiva apenas apresenta a ideia, o fato ou o fenômeno.
    • A dissertação expositiva é tipicamente em terceira pessoa (ou impessoal), uma vez que o autor discorre sobre algo.

    Dissertativo-subjetivo:

    • Abordagem pessoal;
    • Fonte reveladora de sentimentos e emoções;
    • Uso da primeira pessoa;
    • Linguagem Conotativa;

    Descrição

    • objetiva (descrição do objeto tal qual ele se apresenta)
    • subjetiva (impressões pessoais de quem descreve)

    Narração

    • Presença de personagens reais ou fictícios;
    • Tempo da narração é tipicamente o passado, porém, pode acontecer no presente ou futuro ;
    • Quem conta a história é o narrador (3ª ou 1ª pessoa) - apenas relata a história.
    • Os textos narrativos podem ser ficcionais ou não. Uma notícia, por exemplo, pode narrar um acontecimento - nesse caso, trata-se de um fato não ficcional.