SóProvas


ID
5441707
Banca
Instituto Consulplan
Órgão
Prefeitura de Colômbia - SP
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O que os outros vão pensar?


    Quando eu era pequena, não tinha medo nenhum de bicho-papão, mula sem cabeça, bruxa malvada ou o diabo a quatro. Quem me aterrorizava era outro tipo de monstro. Eles atacavam em bando. Chamavam-se “os outros”. 


    Nada podia ser mais danoso do que os outros. As crianças acordavam de manhã já pensando neles. Quer dizer, as crianças não: as mamães. Era com os outros que elas nos ameaçavam caso não nos comportássemos direito. Se não estudássemos, os outros nos chamariam de burros. Se não fôssemos amigos de toda a classe, os outros nos apelidariam de bicho do mato. E o pior é que as mães não mantinham a lógica do seu pensamento. “Mas mãe, todo mundo dorme na casa dos amigos.” “Eu lá quero saber dos outros? Só me interessa você!” Era de pirar a cabeça de qualquer um. Não víamos a hora de crescer para nos ver livres daquela perseguição.  


    Veio a adolescência, e que desespero: descobrimos que os outros estavam mais fortes que nunca, ávidos por liquidar com nossa reputação.  


    Não tinha escapatória: aos poucos fomos descobrindo que os outros habitavam o planeta inteiro, estavam de olho em todas as nossas ações, prontos para criticar nossas atitudes e ferrar com nossa felicidade.


    Hoje eles já não nos assustam tanto. Passamos por poucas e boas e, no final das contas, a opinião deles não mudou o rumo de nossa história. Mas ninguém em sã consciência pode se considerar totalmente indiferente a eles. Os outros ainda dizem horrores de nós. Ainda têm o poder de nos etiquetar, de nos estigmatizar. A gente bem que tenta não dar bola, mas sempre que dá vontade de entregar os pontos ou de chorar no meio de uma discussão, pensamos: “Não vou dar esse gostinho para os outros”. 


    Está para existir monstro mais funesto do que aquele que poda nossa liberdade.


(Carta Maior. Por Martha Medeiros. Agosto de 2003. Com adaptações.)

De acordo com as ideias do texto, podemos afirmar que a autora:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito B.

    Diz o texto: "Mas ninguém em sã consciência pode se considerar totalmente indiferente a eles."

  • B

    A passagem do texto que podemos extrair a resposta: "Mas ninguém em sã consciência pode se considerar totalmente indiferente a eles."

  • Gabarito: B.

    A - Culpa as mães que inibem os filhos por causa de opinião alheia. ERRADO: As mães também tinham medo - " As crianças acordavam de manhã já pensando neles. Quer dizer, as crianças não: as mamães." Linha 3.

    B - Declara que nunca seremos indiferentes ao olhar que julga nossas ações. CERTO: "Mas ninguém em sã consciência pode se considerar totalmente indiferente a eles" Linha 12.

    C - Revela que não consegue encarar totalmente o comentário alheio. ERRADO: Extrapolação textual, não tem no texto - "Se não estudássemos, os outros nos chamariam de burros. Se não fôssemos amigos de toda a classe, os outros nos apelidariam de bicho do mato." Linhas: 4 -5.

    D - Considera apropriado e válido se incomodar com os palpites dos outros. ERRADO: Extrapolação textual.

    "Faça da dificuldade a sua motivação."

  •  A gente bem que tenta não dar bola, mas sempre que dá vontade de entregar os pontos ou de chorar no meio de uma discussão, pensamos: “Não vou dar esse gostinho para os outros”.