SóProvas


ID
5441710
Banca
Instituto Consulplan
Órgão
Prefeitura de Colômbia - SP
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O que os outros vão pensar?


    Quando eu era pequena, não tinha medo nenhum de bicho-papão, mula sem cabeça, bruxa malvada ou o diabo a quatro. Quem me aterrorizava era outro tipo de monstro. Eles atacavam em bando. Chamavam-se “os outros”. 


    Nada podia ser mais danoso do que os outros. As crianças acordavam de manhã já pensando neles. Quer dizer, as crianças não: as mamães. Era com os outros que elas nos ameaçavam caso não nos comportássemos direito. Se não estudássemos, os outros nos chamariam de burros. Se não fôssemos amigos de toda a classe, os outros nos apelidariam de bicho do mato. E o pior é que as mães não mantinham a lógica do seu pensamento. “Mas mãe, todo mundo dorme na casa dos amigos.” “Eu lá quero saber dos outros? Só me interessa você!” Era de pirar a cabeça de qualquer um. Não víamos a hora de crescer para nos ver livres daquela perseguição.  


    Veio a adolescência, e que desespero: descobrimos que os outros estavam mais fortes que nunca, ávidos por liquidar com nossa reputação.  


    Não tinha escapatória: aos poucos fomos descobrindo que os outros habitavam o planeta inteiro, estavam de olho em todas as nossas ações, prontos para criticar nossas atitudes e ferrar com nossa felicidade.


    Hoje eles já não nos assustam tanto. Passamos por poucas e boas e, no final das contas, a opinião deles não mudou o rumo de nossa história. Mas ninguém em sã consciência pode se considerar totalmente indiferente a eles. Os outros ainda dizem horrores de nós. Ainda têm o poder de nos etiquetar, de nos estigmatizar. A gente bem que tenta não dar bola, mas sempre que dá vontade de entregar os pontos ou de chorar no meio de uma discussão, pensamos: “Não vou dar esse gostinho para os outros”. 


    Está para existir monstro mais funesto do que aquele que poda nossa liberdade.


(Carta Maior. Por Martha Medeiros. Agosto de 2003. Com adaptações.)

Desde pequena, a autora considera a opinião dos outros:

Alternativas
Comentários
  • Gab. D

    No contexto, desde o início do texto, a autora mostra que a opinião dos "outros" é monstruosa.Ela não tinha medo de nada, mas da opinião dos "outros.... Ela corrobora isso no último parágrafo: "Hoje eles já não nos assustam tanto. Passamos por poucas e boas e, no final das contas, a opinião deles não mudou o rumo de nossa história."

  • Gabarito: D.

    A- Opressiva, pois a mãe insistia em valorizar certos comentários. ERRADO

    B - Indiferente, já que não atribuímos às pessoas o poder de nos rotular. ERRADO

    C- Lamentável, porque a crítica alheia prejudicava e impedia a nossa felicidade. ERRADO

    D- Monstruosa, mais assustadora do que bicho-papão, a mula sem cabeça ou bruxa malvada. CERTO: Subentende do texto que o ser humado era a figura mais malvada para a autora.

    "Quando eu era pequena, não tinha medo nenhum de bicho-papão, mula sem cabeça, bruxa malvada ou o diabo a quatro. Quem me aterrorizava era outro tipo de monstro. Eles atacavam em bando. Chamavam-se “os outros” "(SER HUMANO) Linhas 1-2.

    "Faça da dificuldade a sua motivação."

  • Desde pequena dá uma noção de "de pequena até hoje". Mas a autora afirma que hoje "os outros" não a assustam mais, ou seja, deixou de ser monstruoso apesar de ainda incomodar. Logo, vejo que a Alternativa D não está correta. Alguém mais entende assim?